Dois dias depois tive novo contacto com a outra empresa portuguesa com quem também tinha iniciado processo em Janeiro. Tal como a outra empresa uns parágrafos acima, nova entrevista desta vez já no cliente. Não me disseram qual seria o cliente. Apenas uma morada e o número de telefone do meu contacto. A entrevista durou apenas 15 minutos e no final ficou em aberto com o meu contacto uma outra entrevista num outro cliente para breve. O que aconteceu na semana seguinte, e tudo mudou. O cliente aceitou-me e por arrasto a empresa a que me candidatei 3 meses antes. O assinar de contracto ficou agendado para a 6ªFeira seguinte, dias depois.
Era uma 6ªFeira solarenta e eu de férias. Fui assinar contrato logo após o almoço e curiosamente á mesma hora que entrei no escritório, recebi um mail de Londres. Tratava-se do mesmo senhor que mais de um mês antes me contactou telefonicamente dizendo-se agente de recrutamente IT. Na altura pediu para tornar o meu CV mais pro-UK fez-me um questionário bastante simples telefonicamente. Enviei-lhe o CV e não tive mais resposta. Agora queria saber qual a minha situação porque tinha várias propostas em mão na minha área.
Terminada a reunião pisguei-me para o carro e segui rumo á faculdade para tratar de papeladas do diploma e rever antigos colegas. Durante essa viagem recebi uma chamada com indicativo +44 que só vi quando parei. Tentei telefonar de volta mas fui parar a um voice mail. Deixei mensagem, frustrado.
Nesse final de tarde consultei o mail e verifiquei que tinha dois novos mails. Um que foi referido acima, e outro de alguem que me tentou telefonar durante a tarde e que estava relacionado com o processo de Buenos Aires.
Respondi ao mail e combinei uma hora para falarmos sobre o processo. Fiquei ainda mais frustrado quando passei 20min a passear pela Av da Liberdade na espectativa do telefonema e sem acontecer nada. Fiquei a marterizar-me por num dia em que tudo parecia ter corrido bem (assinatura de contracto que respeitava todas as minhas espectativas)consegui não reparar numa chamada tão importante. Temi que tivesse perdido a minha hipótese na recruta por ter perdido a chamada.
Nos dias seguintes apresentei, muito nervoso, a minha carta de demissão. Que foi aceite com normalidade pelo meu superior, mas com surpresa. O mesmo não posso dizer pelos meus colegas e, sobretudo, pelo administrador. De tal modo que no fim de tarde/noite que fui entregar a carta ao escritório dei de caras com um colega de sales que passou as 4h30m seguintes a "negociar" comigo. Apresentando-se ora como amigo, ora como desconhecido, ora como "nem gente", ora como alguém a ganhar muito com isto tudo. E com túlipas e petiscos á mistura. Num período em que é difícil encontrar emprego e fácil despedir, nunca pensei que fosse preciso tanta politiquice para alguém se demitir.
No início desta semana recebo novo telefonema com indicativo +44. Corro fora da sala em que me encontrava e atendo a chamada no meio da rua. Do outro lado um senhor responsável pelo processo de Buenos Aires. Explicou-me do que se tratava, que não fugia daquilo que me tinha sido dito antes por mail, mas desta vez referiu o vencimento. Trata-se de pouco menos que o novo contracto que acabei de assinar. Como ele próprio me disse, isto não se trata de algo para me tornar rico.
Consultei o site da empresa que confirmou de certa forma o que me foi dito. Que trata-se de uma empresa multicultural sedeada em Buenos Aires que produz soluções directamente para uma grande empresa de SW internacional. When I say big...I mean BIG! Fiquei a pensar se seria uma aposta errada, visto o projecto a que me destino (em Portugal) ser algo certo, seguro e muito interessante em termos de carreira. E também porque não posso confiar num projecto que alguém overseas me oferece fazendo querer que é uma oportunidade única para estar na primeira linha. É apenas o trabalho dele.
Consultando na Web recordei a crise económica que a Argentina passou em 2001, que tinha lido em jornais e visto em notíciários e que confundira com Venezuela várias vezes. A moeda, o peso AR$, desvalorizou 70% face ao dólar nesse ano. Ou seja, é uma moeda que vale pouco mais que 20 euro centimos! E, agora que aproveitei para consultar, tem vindo em queda desde á pelo menos 5 anos.
Não se trata mesmo de ficar mais rico, até pelo contrário. Mas depois de ter consultado o
ordenado mínimo de um Argentino (539pesos ou 110€) e de um
trabalhador da minha área (800pesos ou 163€) e de constatar que o vencimento que me estão a propor é várias vezes superior, não me parece uma oferta assim tão má.
Depois encontrei também uma
conceito que todos ouvimos falar para casos como a Índia mas que não me tinha apercebido da real escala. Trata-se do
Offshore Outsourcing. Onde temos como países envolvidos nações como o Brasil, Israel ou mesmo a Polónia. No meu caso julgo que é mais parecido com um caso de
Offshore software R&D.
Temos os mesmos produtos ou serviços com a mesma ou melhor qualidade efectuados em países com moeda fraca e grandes dificuldades económicas. Trata-se, portanto, de um excelente negócio para as empresas envolvidas. Mas não tanto para os trabalhadores.
Caso estejam a oferecer o mesmo vencimento aos outros elemento que irão formar a equipe (Ingleses ou mesmo Chineses) então isto tudo torna-se anedótico.
Por isso, encontro-me num processo de despedimento confuso seguindo para outro projecto e tendo no meio um processo de recrutamente confuso. Nada está ou pode estar decidido. Até por ainda tenho de ter uma entrevista telefónica com o cliente Argentino, seguido de um teste prático. Mas desta vez tudo pode ser feito sem sair de casa. Do mal o menos...
PS - Uma nota muito especial para o blogger, que conseguiu falhar o post e perder os meus últimos parágrafos. Parece que o autosave serve apenas para eu julgar que não tenho de fazer backup num notepad á parte.