De 13 a 28 de Outubro decorre o 54º London Film Festival. Grande parte das sessões que valem a pena já estão esgotadas. Existe também uma representação Portuguesa com o filme "Mistérios de Lisboa" de Raul Ruiz. Mas a única sessão foi no sábado dia 23.
Infelizmente não vou ver nenhum mas, se pudesse, eram estas as minhas escolhas:
Biutifil (sim é mesmo assim) de Alejandro González Iñárritu e com gigante Javier Bardem. Também realizador dos geniais Amores Perros e 21 Grams. E concluindo a triologia com o menos bom Babel.
Num tom menos sério e mais de curiosidade (que é como quem diz ia se me pagassem) temos The Taqwacores de Eyad Zahra. Trata-se de uma história que mistura islâmicos, punks e straight edgers numa grande festa. Desperta curiosidade especialmente numa altura de islamofobia.
Para terminar fica London Calling. É uma selecção curtas metragens de autores Londrinos.
Agora que estava a tentar escolher uma acabei por tropeçar em North Atlantic de Bernardo Nascimento. Com ajuda do imdb fiquei saber que o Bernardo nasceu em Portugal e que deve ser portanto Africano. Não percebo quem escreveu a bio neste site mas acho curioso referir que nasceu em Portugal e trabalhou com Portugueses mas que não deve ser (muito provavelmente) Português.
O Bernardo foi 1st assistant director (é o primeiro a levar o café?) de realisadores como Manuel de Oliveira e José Foseca e Costa. Em filmes como o Crime do Padre Amaro e Kick Ass (pausa para espanto).
Hugo, a young air traffic controller in Azores, has only one pilot on his radar tonight. Golf Tango Tango...are you there?
Depois de fazer uma procura no you tube por "broadway bomber nyc 2008" (depois de ter ido ao Bicycle Film Festival) encontrei dezenas de videos não de ciclistas mas de skaters. O que me fez lembrar no que vi a 23 de Abril para os lados de Holborn:
E eu só comecei a filmar depois do impacto inicial de "xiii o que é que fazem tantos patinadores a esta hora?!?!?" Por isso perdi varios...
Aqui há uns valentes 3 meses mal vi que os Metronomy vinham ao Barbican comprei logo bilhete porque tudo o que é bom esgota com meses de antecedência.
Só que esqueci-me de um pequeno pormenor. Este concerto era no âmbito do Bicycle Film Festival de Londres (parece que isto dá a volta ao mundo e também houve em Lisboa. Confesso que fiquei muito contente quando vi isto:
Mas um pouco assustado quando vejo:
Uma cambada de tipos todos daquele groupie de ciclistas (aparentemente muito na moda). Aqueles tipos que apesar de serem fracos ciclistas (como se podia ver na passagem de ciclistas) eram-no pelo estido. Pelo gosto de ter o corpo bordado a licra e roupa florescente, rematanto com um daqueles chapéus de ciclista (daqueles à tótó).
Assustou-me porque queria ver um concerto a sério de uma banda que esperava ver desde 2003, que cancelou o concerto quando foram a Lx. E agora ir ali só para ver um DJ session pra entreter tótonicos...não era o que queria.
Depois comecei a contagiar-me pelas bicicletas que corriam os corredores a tocar campainhas como naquela música dos Queen. E rendi-me a uma sessão de curtas com banda sonora ao vivo de SBTRKT:
Este trata-se de um ciclista recordista por ter descido uma montanha qualquer enquanto tocava vários instrumentos e sem mãos no volante...
e este que começava com um ciclista sub-aquático e passava para uma corrida pela Broadway de NY (conhecida como broadway bomber nyc):
Depois de ver esta sequência de curtas, principalmente a acima onde os vários ciclistas iam quase sempre em contra mão a alta velocidade, começava a sentir aquela vontade de estoirar 800£ numa boa bike e começar a fazer o commute fintando o trânsito.
Estranho foi estar a maioria do concerto de Metronomy sentado... até que o vocalista se cansou e pediu para nos levantarmos "não fossem os nossos pais achar que aquele era um concerto decente". Fiquei a pensar que Watching Metronomy sitting on a chair is like foreplay without sex...
Uma bela surpresa tive à saída foi quando apanhei por sorte o concerto dos Gallops:
Prendeu-me a atenção os primeiros riffs e depois entrou os ritmos do Mac (de um tipo que pouco mais fazia do que clicar "play" e abanar a cabeça) e teclas que me atraem muito (tal como se vê pelos Metronomy). Mas depois era o baterista que está claramente enganado porque ele deve pensar que ia pra uma banda de metal e seguido de um baixo de sei la onde....resumindo tudo sons dos vários estilos musicais que gosto juntos numa banda. So fica a faltar uma voz.
No regresso a casa aconteceu daqueles "filmes" que só acontecem a altas horas (ok...11h). Na mesma carruagem passa um agarrado que depois de pedir trocos porque está "doentinho" é abordado por um tipo (que com a roupinha certa também o podia ser) que lhe pergunta directamente:
Olha, se estás doente porque é que não pedes incapacity benifit?
O agarrado grunhou atónito. Concerteza que não esperava que alguém alguma vez lhe dirigisse a palavra cara a cara.
O outro tipo voltou a repetir e depois de o agarrado balbuciar qualquer coisa o outro sai do metro a ralhar qualquer coisa que descobri. Centenas de vezes vi uma história semelhante no metro e Linha de Sintra. Várias vezes vi o mesmo rapaz que passava as carruagens a fazer percursão na liga que levava na mão (ele era realmente bom naquilo que até uma música dos Linda Martini tem uma amostra desse som). "Continua a acreditar que alguém tenha uma esmolinha pra me ajudar". Mas nunca vi ninguém (eu incluído) a perguntar porque raio ele precisava de estar ali.
Paragem seguinte entram 2 vultos e ficam enconstados a porta de ligação das carruagens. Achei estranho porque haviam vários ligares e olhei. O "amigo" estava de capuz vestido (dentro do metro) e tinha as mãos demasiado amarelas. Tinha uma postura estranha, parecia que estava bebado...até que reparei que a cara "dele" não tinha qualquer espressão. Quer dizer. Era plana. quer dizer que não haviam olhos ou boca ou nariz. Tratava-se de um boneco estilo crash dummy vestido com roupas normais. E la ia o outro amigo de braço dado com este boneco como se nada fosse. Comecei a olhar à volta não fosse isto uma curta, ou um apanhado e nada. E o tipo continuava sério. A certa altura pegou na cabeça do "amigo" boneco e fez com que ele ficasse de cabeça baixa assim como quando estamos a passar pelas brasas.
Paragens seguinte e entram duas tipas bem bebidas. Tropeçam nos outros dois amigos e acabam por pedir desculpa ao boneco e so passado um pouco perceberam que havia ali qualquer coisa que não batia certo. Depois passaram a viagem a rir-se e a brincar com os dedos do boneco. Forçando-o a fazer "Y" e ".!." com os dedos. Ou mesmo os Y e .!. ao mesmo tempo enquando tiravam inúmeras fotos. As gargalhadas eram constantes naquela carruagem. O rapaz acabou por explicar que o "amigo" era um trabalho. Que fazia parte de uma peça de teatro onde "o" usavam para vários truques na peça. Colocá-lo no topo de uma escada e fazê-lo cair a meio da peça. Ou sentá-lo num lugar da plateia durante meia peça para depois ser substituído por um actor de carne e osso com a mesma roupa que dá um salto no meio da peça. Achei a ideia muito boa mas familiar. Julgo que já houve uma peça em Lisboa com este mesmo truque.
Acabei por não saber o nome da peça para minha infelicidade.
São dias como este que me fazem gostar de Londres.
Algo que não é facil de encontrar em Lisboa é um café com boa música. Não há muitos que tenham mas quando assim o é ou é musica de merda, ou é alta, ou as duas.
Um sitio com muito boa música é o Vertigo. No Porto temos uma casa de chá espectacular chamada Rota do Chá.
Fui a um café da cadeia Nero em Balham e fez-me lembrar isso. Os clientes estão todos a ler jornais ou no laptop e por isso o ar fica limpo para a musica se mostrar.
Um local para voltar.