The Great Euro Crash

Vi recentemente este documentário que explica de certa forma como chegámos a esta crise do euro.
Dá o exemplo de uma família grega que comprou casas e carros para cada elemento da família. E que, agora com vários elementos no desemprego, decidem vender o Porsche Cayenne e trocar por um...smart. Não por um Opel Corsa (Vauxhall aqui) em 3ª mão, isso seria muito de gente pobre. Tem de ser um carro alemão, com preço e motor de mercedes, mas em pequeno. Para disfarçar.
Onde é que já vi exemplo assim? Pois..sempre que regresso a portugal deparo-me com uma ic19 cheia de carros em primeira mão...

Este documentário também dá o exemplo de uma família alemã que mora em Suabia (a sul). Que apenas tem um carro comprado em segunda mão pois "nunca comprei um carro que não pudesse comprar a pronto. Se não tenho porquê comprar?". A imagens mostram uma casa bastante mais modesta que a grega. Muito provavelmente comprada com uma entrada de 30 a 35%. Ao contrario da Portuguesa onde se encontrava 110% de financiamento até à pouco tempo.
Também na mesma zona (e um pouco por toda a alemanha) há 10 anos os sindicatos negociaram reduções e congelamento de salários para se tornarem competitivos. Os jornalistas portugueses não noticiam isso mas sim os aumentos que agora, em tempos de crise, eles têm. Como quem diz "vejam como eles vivem bem! Porque é que nos pedem dinheiro? porque é que não podemos ter aumentos na mesma ordem?".
O tuga (tal como o grego) gosta muito de ouvir apenas aquilo que lhe apetece. E filtra as notícias. Como aposto que este documentário (ou semelhantes) nunca passaram na tv Portuguesa. Mas que passarão certamente milhetas reportagens a mostrar como os culpados da crise americana saíram incólumes.
Curioso como um amigo meu defendia há anos que a função pública era uma anedota. Que se tinham que baixar os ordenados. Que as pessoas não podiam viver acima das suas possibilidades. Ele mesmo teve sempre carros dentro das suas possibilidades, apesar de ser estudante/trabalhador e ter possibilidades de ter um em primeira mão. (Comparativamente basta irem dar um passeio à Cidade Universitária em Lisboa. Verão que os carros em primeira mão que lá estão não foram comprados por alguém que trabalha a full-time. Mas que se queixa de pagar propinas.). Hoje ele vive em Estugarda (curiosamente na zona que referem no documentário. Terra da Mercedes e Porsche). Usa bicicleta para ir para o emprego. Tem um carro em 2ª mão. Vive dentro das suas possibilidades.
Quando lhe perguntam "achas que os impostos que pagas (muito mais que em Pt) devem ser usados para comprar dívida Portuguesa/Grega?"...qual é a resposta que esperam?

Awake e outras histórias.

Ha cerca de um mês tropecei neste artigo do guardian:

Have you heard the buzz about Awake, Sky Atlantic's latest twisty, high-concept mystery drama? Apparently it's The New Lost. Which is interesting, because prehistoric time-travel adventure Terra Nova was supposed to be The New Lost. As was complex government conspiracy thriller Rubicon. And Joss Whedon-helmed clone drama Dollhouse. Oh, and Alcatraz, Day Break, Day One, The Event, FlashForward, Fringe, Heroes, Invasion, Jericho, the US remake of Life On Mars, The Nine, Once Upon A Time, Person Of Interest, Persons Unknown, The River, Six Degrees, Surface, Threshold and the remake of V.

Só este paragrafo cativou-me para continuar a ler e dar mais uma chance a uma serie com o carimbo de "the new lost" (após desilusões com fringe, flash fw, the event e Alcatraz). Não é que procure uma série com o mesmo tipo de enredo. Mas queria apenas algo que desse um pouco que pensar, tivesse bons actores, com a ocasional gaja boa e não tivesse momentos completamente estúpidos.
Vi o primeiro episódio de Awake e aquilo pareceu-me realmente promissor. Fiquei rapidamente viciado naquilo até ficar sem mais episódios para ver. Aqui fica o trailer mas aconselho aqueles que já estão inclinados para a ver a saltarem o trailer porque isto acaba por ter muito mais piada quando não se sabe nada da história antes de ver (tal como aconteceu comigo com o lost):


 Eu diria que Awake é uma fusão entre Fringe e CSI mas em bom.

Agora para outras histórias...estou neste momento a ver o jogo de solidariedade Soccer Aid (já cheira a americano né?). O objectivo é antigas estrelas do desporto Rei e estrelas da música ou cinema juntarem-se num jogo amigável para angariarem fundos para a unicef UK que apoia crianças desfavorecidas por todo o mundo. O governo britânico comprometeu-se a doar o mesmo que este jogo angariar (um pouco arriscado em tempos de crise mas pronto).
Ora o que é que este jogo tem a ver com este post? Quando estavam a apresentar a equipa referiram uma perda de peso para a equipa inglesa por lesão. De nome Jason Issacs. Que não me dizia nada até mostrarem imagens e verificar "fdx! é o gajo do Awake"!
Este senhor é apenas um dos milhentos actores Ingleses que vemos todos os dias nos Blockbusters e Series americanas e pensamos "este americano até sabe representar". Não só o (agora) famoso Hugh Laurie (Dr House) mas também a londrina Hannah Simone (a bela Cece de New Girl).
Acho fantástico como conseguem esconder o sotaque britânico em terras yankees mas os americanos falham miseravelmente quando lhes é pedido o oposto (com excepção para o Brad Pitt no filme snatch onde ele fez um sotaque específico de ciganos irlandeses na perfeição. Conhecido por Pikey). Apesar disso eu deveria ter reconhecido este gajo antes pois já esteve em "grandes" filmes como nos vários Harry Potters ou Black Hawk Down.

Já agora podem ver aqui as equipas deste jogo amigável. De onde destaco David Seaman e Robin Willians da equipa inglesa. E da equipa do resto do mundo:
Will Ferrell (que incrivelmente sabe chutar uma bola apesar de lhe chamar soccer)
Serge Kasabian (dos Kasabian)
Gerard Butler(This is SPARTA!!)
Mike Myers (Austin Powers)
Gordon Ramsay (fdp de profissão)
Edward Norton (american history x, primal fear, fight club)
Woody Harrelson (killer instinct, The thin red line)
Roy Keane (o mítico jogador do Man U)
Hernan Crespo
Clarence Seedorf
Van der Sar (em grande forma, apesar de nem aparecer na lista do site)

E neste momento acabo de ver o Serge dos kasabian a marcar um golaço que fiquei a pensar se não estaria a ver um jogo profissional.

Chelsea are Zee Champions

Depois de os ter visto ao vivo ganhar contra ao Valência e Benfica (com uma tremenda caga e roubo, que fica para outro post) nunca pensei que passassem por Barcelona e muito menos vencer uma equipa Alemã...nos penalties (isso é cientificamente impossível para uma equipa inglesa). Mas conseguiram. Chelsea é a vencedora da Liga dos Campeões pela primeira vez na sua história.

Fui ver a final com uns colegas de trabalho no pub The Temperance em Putney. Fixem bem este nome "The Temperance" porque é um pub a evitar. Estive 20minutos a espera de pedir uma bebida e desisti...para tentar novamente e ficar pelo menos 30 para ser atendido. Tinham apenas 4 empregados servir e eram os empregados mais lentos do mundo. Aquilo merecia recorde do guiness.

Minutos antes de o jogo começar a vida continuava em Londres. Continuava a encontrar pessoas nas estações de comboios e irem calmamente para os variados destinos sem demonstrarem qualquer interesse no jogo. Nas ruas os carros circulavam com a afluência normal e as pessoas circulavam como se nada se passasse. Claro que viam uns quantos adeptos que, como eu, corriam apressadamente para chegar a horas a um pub. Mas nada como por exemplo quando um Benfica-Porto jogam. Em que quer em Lisboa ou Sintra tudo pára.

Mas o ambiente foi como se esperava. Alguns minutos depois de o jogo começar, e com o Chelsea a levar uma sova, estes meninos cantavam como se já estivessem a ganhar.

listen to ‘Chelsea Champions League Final@the temperance’ on Audioboo

Nos penalties foi a loucura:

listen to ‘Chelsea Champions League Final-cech saves it@the temperance’ on Audioboo

Este curiosamente foi o momento do penaltie falhado de Schweinsteiger mas parecia que tinham ganho a taça.

listen to ‘Chelsea Champions League Final-Campeones@the temperance’ on Audioboo

Ao sair do pub tudo continuava relativamente normal. Niguém a andar de carro para cima e para baixo com
malta no tejadilho. No comboio cheio de gente ouviam-se alguns cânticos mas tudo muito normal de um dia de joga. Pelas notícias que tenho visto, ninguém foi tomar banho em Trafalgar Square (à semelhança com o nossa praça Marquês de Pombal). Tudo muito normal para quem ganhou pela primeira vez.

Mas depois de ver um Chelsea com vários ex-jogadores do Benfica, um Bayern com um ex-treinador do benfica e um arbitro que tudo fez para foder o benfica esta época, esta final cheirou muito a Benfica.

Public Display of Positive Affirmations @ Trafalgar Square

Depois da Meditation Flash Mob fui saber mais um pouco sobre quem era o grupo que organizava estes eventos.
Chama-se wake up London:

Wake Up London is a group of young people who want to heal and transform their society, because we know that each of us has the capacity to live in an awakened way, to a lead a life in harmony with one another and with the earth. We are inspired by the teachings of Zen master Thich Nhat Hanh and come together to meditate twice a month and organize meditation flash mobs in Central London.

No site meetup.com eles publicam os vários eventos que organizam. Hoje fui espreitar o Public Display of Positive Affirmations onde várias pessoas espalhadas pela Trafalgar Square exibiam mensagens positivas.

Gostei especialmente do senhor que tinha a mensagem "You are Enough". Nos dias de hoje onde temos Biebers e Zuckerbergs, torna-se difícil resistir à ansiedade de sucesso ou estrelato. E principalmente numa cidade como Londres onde todos procuram uma carreira de sucesso (ou um passaporte europeu) é bom alguém dizer tu, tal como és, bastas (se bem que assim nem soa lá muito bem...).

Sempre achei este tipo de cenas uma desculpa ou para ganhar dinheiro, ou para "get laid"...ou ambos (afinal de contas os "cursos" "formações" "retiros" e etcs nunca são de borla). Não mudei muito a minha opinião nesse aspecto. Mas certamente que fizeram diferença hoje para quem regressava a casa.

O próximo evento será um walking meditation flash mob em Oxford Circus... andar e meditar vai contra os princípios da meditação tal como os conheci. Mas deve valer a pena.

Engineers Mobility Days@ISEL

É com muito orgulho que, como Iseliano, descobri que o IEFP/EURES vai organizar no ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa) uma feira de emprego internacional (a Engineers Mobility Days) nos dias 10 e 11 de Maio!

São várias oportunidades nas várias áreas de engenharia que representam 40 empresas europeias. Quem diria com tanta crise a investirem no R&D. Estas empresas (destaco por exemplo a Jaguar/landrover) vai estar a fazer apresentações mas também à procura de candidatos com marcação prévia. Também não se esqueçam que o evento necessita de inscrição.

Para os velhos do restelo que vêm com as conversas das fugas de cérebros. Não se esqueçam que muitas destas áreas como a química mecânica e civil já estão muito mal ha perto de 10 anos. É uma fantástica oportunidade de aprender e de mostrar o que conseguimos fazer lá fora. Ninguém se queixa das gerações de futebolistas e treinadores a dar cartas lá fora. E hoje some respeitados nesse sector. um dia certamente teremos estas empresas a trabalhar ao lado de instituições como o ISEL e a exportar engenharia. Por muito que custe saber que o estado perde milhões a investir na educação destes engenheiros mas é sempre melhor irem ganhar experiência (e euros) fora do que gastarem depois milhões em subsídios de desemprego ca dentro. Engenheiros Unite!

Noticia no Público.

Mais info no site da IEFP

May the First

Nem me apercebi que dia era. Só quando comecei a ouvir os megafones nas ruas abaixo é que me apercebi que era 1 de Maio. Dia internacional do Trabalhador.

É curioso como na maioria dos Países europeus se comemora (e em 80 mundialmente) o dia do trabalhador a... não trabalhar. Se me permitem o paralelo. É como se os teatros fechassem portas a 27 de Março, os violinos desafinassem no primeiro de Outubro ou os poetas se calassem a 22 de Março *.
Dito assim. Dá que pensar que quem defende o direito ao trabalho faz de tudo para, neste dia, não o fazer.

Ora se nas ruas de Londres isto era o que se passava(*2):

Nas ruas de Lisboa era mais assim:

Claro que o 1º de Maio não foi apenas isto (julgo que as manifestações foram bem maiores do que em Londres...também porque aqui não é bank holiday. que é como quem diz feriado) mas esta foi a grande imagem e notícia do dia. Os mais ingénuos poderão dizer que é da crise. Que as pessoas aproveitaram para colmatar as necessidades mais básicas...as primeiras prateleiras a serem limpas eram as de bebidas alcoolicas...não as de farinha ou arroz.
Julgo que se tivessem feito isto em Londres ia acontecer o mesmo (e possivelmente pior) mas mostra perfeitamente o povo que somos hoje. Eu mudei um pouco a ideia que tinha do Portugal de hoje. No meu primeiro ano cá, achava que eramos fantásticos mas com muito azar. Ou um mundial talento por descobrir. Depois de  estar em várias cidades Europeias e encontrar portugueses nas mais variadas ocasiões (especialmente voos) vejo sempre a mesma atitude, o mesmo chico espertismo. Aquilo que acredito que somos hoje enquanto povo e que estas fotos representam muito bem...bimbos. É que já nem somos os Labregos do passado.
Apesar de mal afamada. A palavra Labrego quer também dizer aldeão ou alguém que trabalha com a terra. E isso não tem nada de mal. Pelo menos, nesses tempos longínquos, eramos conhecidos como um povo trabalhador (tao como aquele que se defende no 1º de Maio).
Fosse eu primeiro ministro e ia contabilizar a amostra de gente que foi às compras ao pingo doce VS a amostra que foi para a avenida da Liberdade. Conhecidos os resultados concluiria que a maioria dos Portugueses elegem a cerveja a saldo ao invés do direito ao trabalho. E como tal retirava-se o feriado. Caía o Carmo e a Trindade.

Para os que se manifestaram nas ruas (ou em alguma escola por ocupar) era bom pedir provas de direito de voto exercido nos últimos 10 anos. Porque ir gritar prás ruas porque "EU" perdi o emprego é lutar por mais nenhuma causa que não o Egoismo (e não ter gritado quando a "TUA" cunha colocava o outro na rua). Pedir uma revolução porque o "MEU" poder de compra não é como o de um Alemão é travestir causas nobres por proveito unicamente pessoal.
Para aqueles que não votaram algumas vezes porque foram à praia (ou por estar a chover) ou porque "são sempre os mesmos" (apesar de não saberem de cor os nomes dos "mesmos") era dar a mesma liberdade à polícia que a antiga esquadra da GNR do Cacém dava a quem lá aparecia. Liberdade de escolher levar com a lista telefónica ou uma máquina zero. Ocasionalmente os dois.

É normal, por alguns dias, existirem alguns produtos nos vários supermercados de cá a metade do preço. O que vou mais frequentemente (O Sainsbury's) costuma ter vários vinhos a metade do preço uns dias para os aumentar nos meses seguintes (um vinho bebível custa no mínimo 5£. Estes que têm 50% desconto normalmente custariam 10/12£). Mas os mesmos descontos (ou preços) não existem em todas as lojas da mesma cadeia. Meio Km ao lado e já pode ser tudo diferente. Eu nunca tinha pensado bem na legalidade disto até a ASAE começar a investigar esta promoção do Pingo Doce.
Quero com isto dizer que existe algo muito bom que temos e que deveria de ser um exemplo em termos mundiais (a ASAE) mas que ao mesmo tempo nos corta as pernas em competitividade.

Foi também curioso ouvir a jornalista da rtp referir que em Londres não era feriado mas que tal era ao contrário dos restantes países europeus. Como quem legitima termos mais um feriado que ninguém reconhece significado.

*[para dar mais brilho a este post. Isto é como as mulheres francesas hoje prescindirem de ir votar e irem para casa passar as camisas do marido. Ou os pretos em Africa do Sul irem voluntariamente para os ultimos lugares do autocarro em protesto contra a memória do Apartheid]
*2 - Se repararem na segunda foto (sensivelmente a meio) consegue-se ver uma mancha de gente vestida de preto. Não dá para entender bem na foto mas são na maioria jovens de hoodie. Ora não é que tenha nada contra isso (eu próprio me visto assim) mas certamente que gente que esconde a cabeça com um capuz e tapa a cara com um cachecol ou está a rapar muito frio (estavam uns 14' C) ou a preparar um festim vandalista. Consegue-se ver que a maioria dos polícias de colete amarelo começam a cercá-los e estão praticamente todos com as caras na direção destes amantes do proletariado (no sentido de amante mesmo. Aquela que se faz tua amiga, te fode e depois te deixa com os cacos).
Lá de cima vi uma rapariga bem jovem de cara tapada pelo cachecol a mexer na mochila de um segundo. Tinha um ar tão frágil que seria certamente notícia nos noticiários da noite como uma vítima inocente das cargas políciais (que não aconteceram).