Jesus is Alive @ Tooting Broadway

Prometheus Awakes @ Greenwich

O Greenwich (já agora, pronuncia-se Grén+ich e não Green+wich [experimentem colocar aqui e ver a diferença]) and Docklands International Festival (GDIF) está a decorrer novamente na zona Este de Londres.
Fui ver uma produção de Graeae e dos catalães La Fura dels Baus chamada Prometheus Awakes no museu marítimo nacional em Greenwich. Paredes meias com o mítico Cutty Sark (agora reconstruído após um fogo em 2007).

Julgo que o espectáculo tem algumas semelhanças com o que os La Fura dels Baus apresentarem em Guimarães capital europeia da cultura. Mas tem uma diferença (o grupo Graeae) que representa bem os princípios que regem o programa deste festival. Uma festival de todos para todos. Um festival onde temos bater de palmas e rodar de palmas (o modo de aplauso mudo). Onde grande parte das companhias têm artistas que são portadores de alguma incapacidade física ou sensorial. E onde uma incapacidade não é escondida ou ignorada mas exposta e usada como parte importante do actor. Tal como um jogador de basquetebol usa a sua altura para chegar ao cesto um homem de estatura inferior à média usa isso para executar movimentos que qualquer um de nós (de estatura média) consideraria impossível.

O Grupo Graeae (cujo nome é de inspiração de uma figura mitológica grega) é formado por artistas que têm  uma (in)capacidade física ou sensorial. Tive o prazer de os ver em festivais anteriores (para outros posts) e onde encontrei um Português. Apesar de não me lembrar do nome julgo que teve algum sucesso numa novela da TVI (é negro e não tem um antebraço). Mas foi com muito orgulho que o vi actuar nas alturas ou aos comandos de um gigante de metal.

Devo dizer que esperava demasiado do espectáculo (principalmente depois do que vi em anos anteriores) e acabou por ser uma desilusão. Não percebi a história (com a ajuda de turistas Italianos que não se calavam) e achei que o fogo de artifício final foi um desperdício para o efeito que causou.

O Festival continua por toda a semana até ao dia 30 de junho entre Greenwich, Docklands e Bow. Aconselho vivamente.

Ken Robinson - schools kill creativity

É provável que, com toda a febre do TED, já tenham visto esta apresentação do Britânico Ken Robinson (julgo ser a mais vista de todas).
Apesar de concordar com quase tudo o que ele diz queria discordar da parte em que ele diz que todos os sistemas educativos colocam as artes no fundo das prioridades. E ainda mais. Que criatividade tem necessariamente a ver com as "artes" tal com o mundo as vê.

Acho que o mundo de hoje vê as artes acima de qualquer outro campo (precisava de uma palavra melhor). Um actor ou um cantor é visto acima de qualquer cientista. Hoje em muitas faculdades de Londres e Cambridge (por exemplo) vários bolseiro estudam novas formas de diagnosticar cancro mais cedo. Ninguém acampa à entrada do laboratório para chorar baba e ranho enquanto pede um autografo. Mas se fosse a Rihanna...

Durante este ano comemora-se o centenário do nascimento de Alan Turing. Ele é um dos responsáveis por muitos dos conceitos de Algoritmos e Inteligência Artificial. E, provavelmente, mais importante que isso. É o criador da Bombe. A máquina que descodificava as mensagens Alemãs em plena Segunda Grande Guerra (codificadas pelos alemães com ajuda da Enigma). Poupando as vidas de milhares de soldados aliados e, muito provavelmente, acelerando o fim da Guerra. E isto, para mim, é arte. É pegar em algo que alguém nunca tinha pensado, usar a imaginação, e criar algo de novo... e útil.

Banksy? @ New Oxford St

No final do dia costumo andar entre Holdorn e Tottenham Court Road e ver toda a mescla de turistas, engravatadinhos, punks, ciclistas, patinadores, skaters antes de entrar no claustrofóbico tube.

Já não o fazia há algum tempo (e talvez seja por isso que isto (o abaixo) me passou despercebido). Existe um edifício enorme "abandonado" (possivelmente escritorios no passado). Provavelmente há mais de um ano que nada lá existe. Fica no cruzamento entre Museum Street (que vai dar ao British Museum) com a New Oxford St. É um caixote de uma área enorme com já alguns sinais de vandalismo. (Tenho de procurar umas fotos que tirei antes aos graffitis que estão nos pisos superiores).
Com medo dos Squatters (que é como quem diz Ocupas) alguém se encarregou de forrar as entradas com placas de madeira posteriormente pintadas de preto para disfarçar o abandono. Custa-me a acreditar que numa cidade onde o cm2 é de ouro (principalmente naquela área) exista um espaço enorme abandonado.

E ontem encontrei este espaço assim:

Não tenho certeza de que seja trabalho do Banksy mas acho que já vi este no site dele:

Pelo que encontrei na net é algo que já existe ha pelo menos duas semanas mas que não é confirmado ser um bansky. Para mim ou é ele ou um copycat. Existia uma serie de posters (que foram vandalisados (acho eu). Estão rasgados ao meio. Curioso. O que se chama a alguém que vandalisa algo que é por si só um acto de vandalismo?) que têm o estilo dele. Quadros de arte sacra (que muitas vezes mostram que teve formação superior) com um toque de graffiti ou punk. Ou o exemplo da Rainha com um balde de tinta e uma mensagem escrita a rolo.
Pensei que a figura (que também foi vandalisada) que está ao lado da Rainha fosse o Duque de Edimburgo mas era um guarda real.
Os Beatles não são só uma boa imagem como talvez a mensagem que nos diz que todos os natais somos assaltados por best ofs.

Hoje passei novamente na mesma rua e já eram muitos os turistas que atravessavam a estrada sem olhar e a comentar "how cool is that?".

É muito estranho o Bansky fazer vários "trabalhos" todos um só sítio. Mas talvez seja ele a dizer-nos que está ali um "elefante" escondido.

Portugal vs Denmark - Euro 2012

Na passada Quarta Feira fui a correr para o Rugby Tavern para ver o jogo (eu saio as 17h). Ao entrar estavam uma série de fatinhos de barba feita e cabelinho impecavelmente penteado (possivelmente advogados). Peço licença para passar e, ao ser ignorado, passo a dar uns encontrões para encontrar um lugar perto de uma TV.
Começo a beber umas pints e começamos a marcar uns golos. Happy days.
Uns colegas meus, bifes, juntam-se a mim. Alguns torcem pela Dinamarca para me provocar outros por causa do Ronaldo ou apenas por termos um historial de eliminar a Inglaterra.
Começam a combinar entre si "right, everyone has to drink when a Portuguese dives". "If they keep this up I'll run out in no time!" e tinham razão. Apesar de algumas vezes ser falta a forma como se atiram para o chão quando sentem contacto é vergonhoso.

Mas um estava especialmente interessado em criticar o Ronaldo. Aproveitei para perguntar se tinha alguma coisa a ver com o wink (piscar de olho) que ele tinha feito no Mundial de 2006 e aí ele desbroncou-se. Não sei se é do conhecimento comum dos tugas (eu não conhecia até chegar cá) mas o wink que o Ronaldo fez depois de ir fazer um choradinho ao arbito para o incentivar a expulsar o (na altura colega de equipa do ManU) Roney (saltem para 0m56s):


Este foi considerado o quinto momento mais chocante de Campeonatos do Mundo de futebol de SEMPRE! E as palavras que podem ouvir no clip são as mesmas que o meu colega diz "he winked!!!".
E eu pergunto "mas aquilo era falta para vermelho não era?".
Ele responde "yeah sure it was...but he winked!".

Podem ver aqui o momento sem ser aldrabado com repetições e slow motion e para mim ele piscou por outra razão qualquer. Quer seja para dizer que entendeu a ordem do Scolari ou para confirmar que estava ainda fresco para continuar. Ele não seria assim tão estupido para fazer aquilo em frente de milhões de expectadores...or would he?
De qualquer forma, acho reprovável ele estar a insistir para o arbitro marcar falta (ou sacar vermelho) contra um companheiro. Mas ninguém questiona o cartão. É como aquelas conversas de gaja "não é o que disseste! É a forma como o disseste!"...

Depois de me começar a enervar com o jogo e de algumas pints finalmente o Varela faz justiça. Inconscientemente levanto-me e grito "TOMA CARALHO!!!" esperando ouvir um coro de "GOLO!" à minha volta. Olho para traz e está tudo calado de pint na mão a olhar para mim. Peço desculpa e eles retornam às suas conversas (muitos nem sequer estavam a ligar ao jogo). Um casal num dos cantos da salta acena-me com um riso contido (desconfiei que também fossem tugas).

4 pints - 17,20£
gritar "Toma Caralho!!!" num pub cheio de ingleses a torcer pela Dinamarca - priceless

PS - Para deixar um presságio para o jogo com a Holanda que se aproxima saltem para o 6m15s:

Euroceptic London

Fiquei a ver a primeira parte do jogo França - Inglaterra no escritório com alguns colegas. Eram cinco da tarde e ninguém pediu para sair mais cedo. Os que tinham planos de ver num pub perderam os primeiros minutos do jogo.

Comparo isto com quando trabalhava em Picoas em 2008 e os managers convidaram alguns de nós para irem para uma sala de reuniões com um projector ver o jogo de Portugal. Ficou combinado que após o jogo compensaríamos as horas mas poucos foram os que ficaram. E eu, apesar de ter ficado, não tive mais cabeça para fazer o quer que seja.

Após o final da primeira parte tive a triste ideia de ir para casa tentando ir de comboio para ter rede (sim porque aqui o metro não tem rede) e ver o streaming do jogo no telemóvel e pensando que Londres estaria vazia.
Ao chegar à rua tudo continuava como sempre. As mesmas filas para o autocarro. O mesmo transito que me fez demorar uma eternidade para fazer uns 2km. O mesmo fluxo de gente em Tottenham court road. Com a diferença que consegui encontrar lugar no tube até Waterloo onde parecia estar pior que na maioria dos dias (talvez pelo mau tempo e atrasos nos comboios). Decido não apanhar o comboio seguinte propositadamente para tentar ter lugar sentado no seguinte mas muitos devem pensar no mesmo e quando lá cheguei foi so para ficar a saber que vou ficar em pé e enlatado durante 5min até o comboio partir. Tento ver o jogo mas estou sempre a ter timeout apesar de o sinal ser 3g no máx (grandes mentirosos me saíram estes O2). Numa viagem de uns 20min apenas consegui ver 5segundos de jogo. Chego a caso mudo de canal e o jogo tinha acabado de terminar com o resultado que tinha abandonado antes.


Não sei se isto serve de amostra. Mas pareceu-me que Londres não só não pára por causa do Euro como até continua na mesma. Talvez por ser uma cidade do Mundo e a Inglesa ser apenas mais uma das comunidades.

Não é que não seja importantíssimo ficar a saber qual foi o almoço da selecção ou qual a marca da brilhantina do Ronaldo mas seria também interessante saber quantos milhões Lisboa está a perder com este Europeu...