Mas o que não perguntei (mas devia) era "mas de onde vem esse dinheiro"? Não me dei ao trabalho de verificar mas se o nosso Duque de Bragança anda a encher o buxo com dinheiro do estado (como deve estar definido por lei algures (e que agora que procurei a wikipedia desmente, por isso, gostaria de um esclarecimente disto)) e sendo o Reino Unido uma monarquia constitucional claro que têm de receber de algum lado (eles mandam em tudo!)! Se alguem me diz que é apenas com o seu Património que vivem e que pagam este casamento então eu atrevo-me a apostar que se me derem esse património todo hoje, eu estarei falido amanha.
Acabei de vir hoje de Windsor e fui a Edimburgo o fim-de-semana passado. E os dois castelos que vi nesses sítios, por mais cara que seja a entrada para os visitantes (16£ e 14£ respectivamente), não acredito que a sua manutenção seja paga meramente com isso. E já nem estou a falar com todos os gastos com a guarda real. Essa certamente é o estado a pagar (e aproveito para referir que estão a despedir militares que ainda se encontram no Afganistão).
Quando o pedido de casamento foi tornado público, o Reino Unido ameaçava uma nova recessão após um crescimento negativo. Ainda achei mais estúpido nessa altura. É como se vivessem no seu próprio mundinho (e vivem) e ignorassem a realidade do seu próprio povo. Algo que não é novo. Ainda ontem fiquei a saber que no casamento da actual Rainha o bolo foi enorme. Usadas dezenas de Kgs de açucar numa época de racionamento. Algo considerando "fascinating, considering the times of ration" dizia uma daquelas mulheres intragáveis que aparecem na tv por altura destes eventos (ou outras coisas futeis). Ora em altura de pós guerra mundial em que o país vivia racionamento o que é que a rainha faz? Um festim com um bolo de kgs de um ingrediente que a maioria dos ingleses nem sequer via ha meses.
Foi com este estado de espírito que fui na 4ªFeira a Westminster ver se o que noticiavam as tvs Portuguesas (mais ainda que a BCC) era verdade. Pelo caminho, ao lado do Big Ben, encontrei uma noiva à espera que o semaforo tornasse verde. Com um noivo munido de saco do sainsburys (copo de agua?).
E depois de tanta hora em directo a contarem histórias da multidão que tinha vindo acampar para a Westminster Abbey o que eu vi foi isto:
Provavelmente uma dúzia de tendas, menos que o número de tendas que se encontra há meses na rotunda ali ao lado (que protestam contra a guerra, o capitalismo e o preço do haxixe), e muito (mas muito) menos que o número de jornalistas ali também acampados. Foi triste ver o genero de pessoas que acampavam ali. Pensionistas, desdentados, obesos morbidos que se moviam a muito custo com canadianas. Malta que tendo os seus subsídios a entrar pelo correio todas as semanas, em vez de ir para o café, decidiram ir mais longe e acampar na rua. Também havia americanos (igualmente broncos). Ouvi uma senhora americana a dizer a quem lhe entrevistava que (os americanos) adoram a família real e que já que vinha de férias a Londres decidiu acampar para fazer parte deste momento histórico. Ora alguém que decide pagar uma viagem, que não sai nada barata, para não visitar a cidade e acampar na rua é...
As jornalistas americanas (que eram muitas (CBS,NBC...), mais que os da BBC) tinham dificuldade em encontrar alguém neste grupo (já por si curto) que conseguisse articular as palavras para fazer uma frase com sentido. E, por isso, acabavam por entrevistar as mesmas senhoras como os mesmo cães e filhos, over...and over...and over.
No dia do casamento senti curiosidade em ir tirar fotos ao momento. Mas depressa vi que as multidões eram enormes e seria impossivel chegar fosse onde fosse. As comemorações eram um pouco por toda a parte. Vizinhos organizavam festas de rua para comemorar este momento (ou arranjar mais uma desculpa para beber uns canecos) como se passou aqui em Tooting Bec:
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Ao ver o casamento. As multidões que saíram a rua e compraram montes de bujigangas. Os turistas que vieram de longe a pagaram caro para ficar nos hoteis Londrinhos. Os convites de casamento que foram feitos para várias instituições de caridade, e com isso oferecer publicidade de borla e consequentemente aumentar as suas receitas. Começo a sentir-me dividido quando a questão se o casamento real foi um desperdício de fundos públicos.
Certamente foi. Mas nem tudo caíu em saco roto.