Esta semana fui ver a peça War Horse. Já desde Janeiro que via este cartaz na rua, escadas rolantes ou túneis do metro e chamou-me muito a atenção. Como será retratar um "teatro de guerra" num teatro? Quanto fui ver os preços assustei-me (acho que no mínimo 45£) e desisti da ideia (mesmo assim o primeiro mês estava praticamente esgotado).
Da última vez que fui ao Guanabara (um club brasileiro) lembrei-me disto novamente porque o espaço é paredes meias com o teatro. Fui depois consultar o site para ver os preços e lugares disponíveis e comprei logo naquela de me obrigar a ir.
Adorei a peça e acho mesmo que foi a melhor peça que já vi até hoje (...não é que tenha visto muitas).
Tem tudo aquilo que acho que o teatro deve de ter...imaginação e actores. Há muitas peças que podem até ser muito boas mas têm muita "tecnologia" envolvida e acaba por tudo já ser um pouco pré-fabricado. Outras acabam mesmo por nem ter actores. O Flashdance, por exemplo, foi um grande musica do west end mas tinha todos os cenários pré-fabricados e era uma questão de subir e descer cenários (mesmo tendo em conta que foram bem desenhados e pensados).
Nesta peça o cenário são as pessoas. Claro que descem e sobem portas e janelas mas ha sempre pessoas que pegam e os colocam nos sítios num bailado sincronizado. Os vários cavalos são comandados por 3 pessoas cada um. E fazem-no de tal forma que em poucos minutos eu esqueci-me que estavam ali pessoas e só via um cavalo bem treinado. Até os sons dos cavalos (e dos vários animais que entretanto aparecem) são feitos pelos actores em vez de usar uma gravação. A música é também tocada por músicos que fazem parte da própria peça.
Outra coisa que gosto muito no teatro é o palco giratório. Adoro ver a originalidade do encenador para usar aquilo numa peça. Vi isto pela primeira vez no nosso Dona Maria Segunda numa peça dos artistas unidos. E o encenador, também aqui, o soube usar.
Vê-se uma enorme diferença entre Teatro Português e Inglês nesta peça. E começa logo pela plateia. Se não estava esgotado pouco não faltava e isso reflecte-se obviamente nas receitas que por sua vez dão espaço para orçamentos dignos de uma peça profissional.
É quase incrível como uma peça de umas 2h30 não cansa por ter sempre novos momentos de originalidade. A forma como montam e desmontam os vários cenários. Como aproveitam o palco inteiro e até a planeia para representar. Como conseguem trazer o ambiente das trincheiras de primeira guerra mundial para aquele espaço.
Estou aqui a controlar-me para não contar nenhum pormenor da peça porque foi a surpresa que me fez gostar mais dela. A história em sim é bastante básica e logo a partida já sabia o que ia acontecer. Mas o que importa é a forma como se narra esta história. Deixo aqui um teaser da peça. E também o aviso para quem está já interessado em ir. Para não o ver pois estraga alguma surpresa.
Ao procurar um video sobre esta peça tropecei no trailer do próximo filme de Steven Spielberg...War Horse. Não sei se vai funcionar tão bem como no palco mas, como disse antes, a história é simples. O importante é como se a conta.
PS- Se comprarem os bilhetes no dress circle não comprem os da primeira fila pois ficam com o corrimão a tapar metade do palco.
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