"Mentir para quê? Preferes estar sem emprego, esfumaçando beatas, enquanto jogas snooker no Cantinho, ou tentar a sorte num lugar em movimento,..."
Foi com muito agrado que li a visão desta semana, não fosse ela dedicada aos novos (e não só) emigrantes. A Emigração é de facto o tema da moda (desde há 2 anos) que começa a ser usado e abusado banalizando o que deveria ser um assunto interessante. Mas muito de vez em quando consigo encontrar algo que vai para lá dos casos pontuais de sucesso ou da visão retrograda do emigrante campónio e descubro algo com que me identifico. E encontrei isso no excelente texto de Hugo Gonçalves, 36 anos a viver no Rio de Janeiro.
Este é possivelmente o texto que escreveria se não me tivesse baldado tanto nas aulas de Português. Foi tão estranho lê-lo que em algumas partes pensei que estava a ler o meu outro eu numa realidade paralela...pela forma como me identificava com o que foi escrito.
Mas não em tudo. Não concordei quando ele referiu que portugal era mais do que os homens que o destroem ou que emigrar era uma forma de mostrar um manguito a quem nos convidou a emigrar. A meu ver o mal de Portugal está na equipa...porque trocamos de treinadores há décadas e continuamos a descer de divisão. E que das poucas vezes que nos dizem a verdade "aqueles que não vêm perspectivas melhores o melhor será emigrar" e que nos apontam o caminho correcto, zombamos.
Achei interessante como ele começou por focar no medo egoísta de alguns disfarçado de altruísmo "quero ajudar o meu país...não quero deixar a minha família/amigos" (minha citação..não do texto). Quando na realidade a esmagadora maioria que teme dar este salto não se podia estar mais a cagar para o País - da forma como engole a cunha se for a sua, como aceita a "factura" em papel do mecânico se for preço de amigo, como me pergunta como podes abrir uma conta no Uk, ignorando que se todos fizermos o mesmo hoje é a bancarrota de todos. E disfarça com o carinho pelos familiares/amigos a impossibilidade de viver sozinho e o medo do desconhecido. Nunca vi juventude tão desejosa de viajar...de conhecer o mundo e que quando lhes abrem as portas (e sendo a única alternativa) voltam costas.
Vale mesmo a pena ler o texto por inteiro e tirar as vossas próprias conclusões. A revista tem muitas mais reportagens de portugueses espalhados pelo mundo que merecem ser lidas. Como o engano que é, para muitos, emigrar para a Suíça. Tudo isto na edição da Visão.
Não gosto muito de roubar textos mas este merece ser partilhado. Por isso se gostaram do texto façam o favor de comprar a revista. Os emigrantes não têm desculpa pois também está disponível para tablets e online.
2 comentários :
oh tenho que ver se compro essa Visão e dou uma vista de olhos. Pois eu já não quero saber do país. Essa conversa de temos que fazer um esforço para ajudar o país já não me convence. Estou há anos a ajuda o país e o que é que o país faz por nós? Cansei-me! Quero fazer algo por mim. Se for fora de Portugal, que seja! Home is where the heart is :)
www.mgatlondon.blogspot.com
Mesmo assim MF eu acho que a visão do tuga sempre foi muito o "o que é que o estado pode fazer por mim?". E é uma visão que vem na bagagem quando cá aterram. Ha muitos tugas que chegam ca ja a pensar como podem pedir subsídios (desemprego, renda paga) quando ca chegarem! o que só prejudica os restantes que veem ca mesmo para trabalhar!
E é também igualmente errado assumir que se desiste de portugal só por estar longe. Quem é que ajuda mais pt? aquele biologo no desemprego a receber subsídio de desemprego até aperceber-se que a sua única opção é o desemprego (que conheço), ou o biólogo a trabalhar em investigação de ponta (e a contribuir para a cura de doenças que todos nos em qualquer latitude vamos ter um dia) a ganhar o dele...a convencer os colegas de todo o mundo a visitarem pt e a gastar as suas poupancas a ferias em pt...
Tambem com a crise ha imensos ingleses a fugir para a Africa do sul...australia (as nossas equivalentes a brasil e angola) e nunca vi uma reportagem lamexas como as que se veem na tv tuga. Sair é uma inevitabilidade na economia global de hoje da mesma forma que sair do campo para a cidade era a inevitabilidade da geração dos meus pais.
Não espero muinto do Portugal de daqui a 5...10 .20 anos.
Mas imagino algo fantastico no dia que, daqui a uns 30 anos, os imigrantes jovens de hoje regressarem a Portugal...
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