Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better. Samuel Beckett

domingo, 31 de março de 2013

Yet another Boat Race

E eis que, sem dar por isso, chegámos à Pascoa. Época em que os Londrinos fogem da cidade como se fosse do Blitz. Os preços de viagens para qualquer destino se tornam proibitivos. Os turistas invadem a cidade (e como prova, durante estes 4 dias, passo a ter de andar pela direita para não esbarrar com uma manada de espanhóis balofos de gorro com a union flag e sacos do Harrods com overpriced recuerdos). Época de feriado à 6ªF e à Segunda. Tempo suficiente para processar que 1/3 dos feriados já se foram. E época de Boat Race!
Quem quiser saber mais sobre o assunto pode ver o post do ano passado.

Mas este ano encontrei algo curioso sobre os antigos participantes desta corrida. Vejam se conseguem reconhecer a cara no meio desta crew de Cambridge de 1980 (a resposta fica para o final):
Outras personalidade as participar nesta corrida foram os gémeos Winklevoss (mais conhecidos por serem os "mentores" do Facebook) que perderam em 2010 pela Oxford. E que ficaram em 6º nos Jogos Olímpicos de Pequim.

Ou o Andrew (Sandy) Irvine, um dos membros da terceira expedição ao cume do monte Evereste em 1924. Foi, provavelmente, o primeiro a subir ao cume mas que faleceu na descida. Sendo que ele e o seu parceiro, George Mallory, foram vistos a poucas centenas de metros do cume antes de desaparecer e falecer na face norte da montanha. Apesar de o corpo de George Mallory ter sido encontrado em 1999, Adrew Irvine continua ainda hoje perdido na mãe de todas as montanhas.


Voltando à equipa de Cambridge de 1980. O senhor que mencionei acima é nada mais que Hugh Laurie. Mais conhecido hoje por Dr House....

mas nos anos 80 tornou-se famoso pelo seu papel de George na brilhante série Blackadder.


E eu fico a pensar...com tantos anos de história de mar que Portugal tem porque é que não temos nada sequer parecido com isto? As várias universidades do Porto, Coimbra e Lisboa podiam competir entre si e chegar à equipa que representasse as respectivas cidades. E podíamos ter uma corrida entre, por exemplo, Belem e o Oriente com um barco por cada cidade.
Isto tudo seria possível se fossemos um país de gente que sua na água em vez de torrar ao sol...

quarta-feira, 27 de março de 2013

Carta para o Jovem Emigrante


"Mentir para quê? Preferes estar sem emprego, esfumaçando beatas, enquanto jogas snooker no Cantinho, ou tentar a sorte num lugar em movimento,..."

Foi com muito agrado que li a visão desta semana, não fosse ela dedicada aos novos (e não só) emigrantes. A Emigração é de facto o tema da moda (desde há 2 anos) que começa a ser usado e abusado banalizando o que deveria ser um assunto interessante. Mas muito de vez em quando consigo encontrar algo que vai para lá dos casos pontuais de sucesso ou da visão retrograda do emigrante campónio e descubro algo com que me identifico. E encontrei isso no excelente texto de Hugo Gonçalves, 36 anos a viver no Rio de Janeiro.

Este é possivelmente o texto que escreveria se não me tivesse baldado tanto nas aulas de Português. Foi tão estranho lê-lo que em algumas partes pensei que estava a ler o meu outro eu numa realidade paralela...pela forma como me identificava com o que foi escrito.

Mas não em tudo. Não concordei quando ele referiu que portugal era mais do que os homens que o destroem ou que emigrar era uma forma de mostrar um manguito a quem nos convidou a emigrar. A meu ver o mal de Portugal está na equipa...porque trocamos de treinadores há décadas e continuamos a descer de divisão. E que das poucas vezes que nos dizem a verdade "aqueles que não vêm perspectivas melhores o melhor será emigrar" e que nos apontam o caminho correcto, zombamos.

Achei interessante como ele começou por focar no medo egoísta de alguns disfarçado de altruísmo "quero ajudar o meu país...não quero deixar a minha família/amigos" (minha citação..não do texto). Quando na realidade a esmagadora maioria que teme dar este salto não se podia estar mais a cagar para o País - da forma como engole a cunha se for a sua, como aceita a "factura" em papel do mecânico se for preço de amigo, como me pergunta como podes abrir uma conta no Uk, ignorando que se todos fizermos o mesmo hoje é a bancarrota de todos. E disfarça com o carinho pelos familiares/amigos a impossibilidade de viver sozinho e o medo do desconhecido. Nunca vi juventude tão desejosa de viajar...de conhecer o mundo e que quando lhes abrem as portas (e sendo a única alternativa) voltam costas.

Vale mesmo a pena ler o texto por inteiro e tirar as vossas próprias conclusões. A revista tem muitas mais reportagens de portugueses espalhados pelo mundo que merecem ser lidas. Como o engano que é, para muitos, emigrar para a Suíça. Tudo isto na edição da Visão.

Não gosto muito de roubar textos mas este merece ser partilhado. Por isso se gostaram do texto façam o favor de comprar a revista. Os emigrantes não têm desculpa pois também está disponível para tablets e online.


segunda-feira, 25 de março de 2013

Custodian helmet



A par com a phone booth, big ben e o black cab, o custodian helmet é uma imagem de marca de Londres. O típico chapéu alto da polícia britânica é usado desde 1863 pela polícia metropolitana de Londres e é ainda hoje usado frequentemente nas patrulhas por Londres. No entanto não é o único e cada vez mais vejo o flap cap (igual ao usado em Portugal). O custodian é usado pelas duas categorias iniciais de um agente da polícia - o Constable e o Sergeant. Teve origem no capacete usado pelo exército vitoriano que, por sua vez, foi baseado no Pickelhaube (do exército da Prússia).



Mas o mais interessante é o mito que existe à volta deste capatece. Algo que só tomei conhecimento quando um colega meu Australiano concorria à residência permanente no UK.

Não deixa de ser estranho que um Australiano ou sul-Africano (ou qualquer um da commonwealth) tenha de pedir um visto para vir para o Uk quando têm muito mais a ver culturalmente/históricamente com o mesmo do que, por exemplo, Portugal. Como ele não queria estar constantemente a pedir vistos (que também custam dinheiro) decidiu pedir residência permanente. Mas para isso precisou de fazer um exame. Onde lhe era avaliado o conhecimento de Inglês e história. E lá apareceu ele com um volume enorme sobre o que tinha de estudar. E numa das informais reuniões matinais, e no dia que ele ia fazer exame, fizeram-lhe uma pergunta: "para que serve o custodian helmet?". O ridículo é que esta é uma das perguntas estúpidas que podem aparecer no exame...e pensar que damos passaporte Português a quem nem sequer sabe falar a língua!

Alguns dizem ser mito mas já ouvi e li várias vezes que segundo uma lei de 1878 se uma mulher grávida estiver aflita... pode pedir o chapéu ao agente e aliviar-se nele. O agente não é obrigado a oferecer mas se lhe for pedido não tem alternativa...é a lei. E sejamos honestos. Aquilo parece-se bem com um penico!

Já que estamos numa de alívios na via pública, existe outro mito que diz que apesar de ser um crime é possível um homem urinar na via pública. Desde que seja contra a roda traseira do seu próprio carro...e que se apoie apenas com a mão direita...


segunda-feira, 4 de março de 2013

O Ano Quarto - Introduçao à perda

[ouvir como banda sonora do post.]

O final do terceiro previa o pior. Os 93 anos de relativa boa saúde pesaram demais para a multiplicidade de vírus e bactérias que levam o quotidiano em lares e hospitais. O coração, que fora sempre grande demais em todas estas décadas, fez jus à sua historia e dilatou. Dilatou tanto que depois de ter dado tanto a outros encontrava-se agora, ironicamente, insuficiente para bombear vida. Mesmo assim encontrou (de forma altruísta)  forças para dizer "sempre foste um bom rapaz" antes de de se esgotar de vez. O ano começava, assim, mal. Mas o pior é que eu sabia que era apenas o começo.

Depois de 2 anos de luta contra um adenocarcinoma de não pequenas células (curiosamente aquele mais comum entre os não fumadores....repito, entre os não fumadores). De vários internamentos em hospitais. De um quotidiano que exigia o esforço de quem faz uma maratona constante...24h por dia. Depois de uma súbita melhora que fez com que alguns cirurgiões o fossem ver, surpreendidos. Depois de resgatar e enterrar a esperança inúmeras vezes. O tumor tornou-se demasiado grande. O ar demasiado pesado. E depois de um carrossel, de uma montanha russa, de emoções. O Pai da minha mais-que-tudo morreu.

A semana, a que os brits chamam de verão, deixava saudade quando o céu já se tornava cinzento dia sim dia sim. Foi assim num passeio por Bath que conheci M. Um trintinho que se cansou da instabilidade, das frustrações e promessas do seu emprego em Portugal e decidiu carimbar-lhe um Ex. Não esperou ver o fundo do buraco e arriscou sem nada na manga. Deixou mulher, a filha pequena e outra a caminho. Mesmo assim tinha aquele rasgo de entusiasmo nos olhos. Algo que não vejo no meu espelho há algum tempo.
Estava num emprego temporário. Numa recepção de uma estalagem.
- agora é continuar a enviar cvs.
Meses mais tarde a notícia que tinha conseguido arranjar emprego não muito longe de Londres, em Basingstoke. Num hotel para poucas carteiras. A gerir parte do hotel. A gerir as exigências (extravagancias) de homens de túnicas brancas e canudos de oxford. A receber cumprimentos em forma de nota de 50. Entusiasmado com o futuro. A "viver o sonho". A perder-se em soho à procura de um pub aberto (culpa minha). A sentir saudades das pequenas.

Ninguém sabe bem como começou. Mas depois do despoletar da infecção o vírus infectou o miocárdio da "pequena" de 4 meses de idade. Uma probabilidade de um em um milhão. Um euromilhões ao contrario. Um azar do caralho. Um natal que não se esquece.

Depois de os médicos informarem para se "irem preparando para o pior" as melhoras apareceram. Havia agora lugar para esperança. Uma prenda de natal em atraso. E justamente quando os ventos estão a favor. Os dados do nosso lado. Os planetas alinhados. Subitamente e inexplicavelmente. O seu coração dá de si.



Talvez por tudo isso tivesse sido normal lembrar-me que faziam 4 anos que cheguei a Londres apenas porque o Obama ia fazer, novamente, o seu discurso de tomada de posse. Em 2009 havia muita expectativa. Minha e dele. Tal como Obama disse há quatro anos, enquanto eu estava a 12 mil metros de altitude, "yes we can!".
Sim...mas a que custo?

PS- Escrito parcialmente no café Vertigo em Lisboa e na Northen Line.

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