Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better. Samuel Beckett

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sonha



Enquanto corria para apanhar um travesseiro em Sintra encontrei esta parede que pode ser importante para quem ouve o London Calling.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Do NOT Open

No escritório onde trabalho existe um facilities department que, para alem de passar a vida a coçar a micose, trata de manter a cozinha asseada e tratar dos mais variados assuntos relacionados com o espaço onde estamos.

Verdade é que o lava loiças está constantemente a entupir e ultimamente a gaveta dos talheres começou a desfazer-se. De modo que eles muito educadamente trataram de pedir para não a usarmos mais para eles evitarem de fazer o seu trabalho e simplesmente arranjar aquilo. Alguém tratou de dar um jeito na mensagem que achei genial. Está quase!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Christmas Lights @ Covent Garden






Oxford Street é famosa pelas suas lojas mas também, nesta altura, pelas luzes de natal. Para mim (e para quem viu as luzes de natal de Lisboa dos últimos anos) as de Oxford Street sempre ficaram muito aquém em dimensão e originalidade.
Este ano a crise parece também estar presente por terras londrinas e fiquei com sensação que são as luzes mais fracas e pouco imaginativas dos últimos 3 anos (normalmente têm o tema da estreia de cinema da Disney no natal).

Para contrariar isto temos Covent Garden que está em grande este ano.

Christmas tree @ Kings Cross St Pancras





A famosa estação de comboios Kings Cross (por culpa do Harry Potter) que também serve de ligaçao tgv para Paris tem uma arvore de natal feita de lego. À primeira vista pareceu-me uma desilusao. Alta mas não com a dimensão de Londres.
Mas com um olhar mais atento impressiona o detalhe.

PS - foi com pena minha que não encontrei as fotos que tirei do edifício da estação. Que tem uma beleza e valores histórico e arquitectónico.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Primitive Reason@Cais do Gás

Ele há coisas do diabo. Então eu que deixei de comprar a revista Time Out em londres (por deixar de fora grandes eventos de borla e publicar Beyonces da tanga) e hoje, sem saber o que ver, comprei a de Lisboa e o que é que descubro? Um concerto dos míticos Primitive Reason. Mas que prenda de Natal!

Esta banda marcou-me na pré-adolescência. Lembro-me de vibrar imenso ao som de 7 fingered friend naquelas que foram as primeiras vezes que ia a uma discoteca (e desconhecendo o verdadeiro significado do tema).

Anos mais tarde, viria a conhecer a minha mais que tudo e consequentemente a "Ana" da música 24pints ("jump jump Ana jump Ana").

Por isso e por muito mais é importante não perder este concerto.

Onde: Cais Sodré, Armazem F.
Quando: 22h, 22 Dezembro
Quanto: 10€


http://www.primitivereason.net/
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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

24h em lisboa

Fez agora 24h que cheguei a Lisboa para as férias de Natal (como manda a regra do emigrante). E há uma série de situações estranhas que me têm acontecido que mostram um pouco como mudei por estar há certa de 3 anos em Londres.

-não bato palmas a aterrar.

-passar-me com a lentidão das pessoas. Que raio! Nos andamos tão devagar. Parece que está tudo a passear. E têm de ir todos em linha para barrar o caminho. Por outro lado eu não tinha motivos para andar rápido. A minha boleia nem sequer tinha chegado. Mas algo me dizia que tinha um destino e que tinha de lá chegar RÁPIDO.

- olho pra direita e depois para esquerda e ao ver o carro no cruzamento faço-me à estrada...quase que esbarro com ele. Primeiro, o carro nem sequer abrandou. Se não parasse passava-me a ferro. Segundo, fiz o oposto do que fazia antes (olhar esquerda depois direita) e como tenho a confiança de que estou em casa perco a noção que os carros estão a andar ao contrario. Mas basta estar ao volante para isto me passar.

- uma adolescente passeia com a sua criança pachorrentamente barrando-me o caminho e não consigo conter um: Come on!!

- de seguida atrevo-me a ultrapassa-la e esbarro com quem me estava a fazer o mesmo e escapa-se-me um: "Sorry!".

-com o trânsito típico da avenida dos bons amigos (tanto carro? deve ser da crise. senão andávamos praí...de helicóptero) ao passar na passadeira mesmo com os carros parados espreito cautelosamente para ver se vem algum ciclista.

- alguém me segura a porta e respondo: "cheers."

- Estão 10 graus. Um sol que me deixa cego. Visto os calções e tshirt e vou correr.


Apesar de a minha cabeça ter um modo Inglês que liga de quando em vez isto não tem nada a ver com isso. Não sinto que mudei a língua do meu cérebro. Demoro uns 2 dias a perder o Hi quando vou pedir uma bica a um café e troco-o por Olá(O que parece ser mais vindo de um espanhol). Estas expressões saem-me automaticamente mesmo estando em modo Pt. E estão intimamente ligadas com a situação em causa. Tal como vou, sempre que o Cardozo falha um penalty, dizer FODASSE!!!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Britain is fuck all.

Nos dias de hoje, acontecimentos assim alastram-se nas redes sociais como que regados a gasolina.
Na Segunda Feira notei que muitos dos meus colegas estavam a postar o mesmo video no facebook e decidi dar uma olhadela:



Todos se mostravam muito chocados mas o que me chocou a mim foi ver alguém insultar todos em redor numa viagem na zona entre Croydon e Wimbledon (que é como quem diz Chelas e Olivais) e não levar uma facada. É que nem um supapozito!
Muitos já fizeram notícia, como cadáveres, naquelas mesmas zonas por fazerem muito menos.

Gostaria de analisar a expressão que ela usa: "Britain is fuck all".
Um colega meu usa a expressão "fuck all" com muita frequência e confesso que não entendia ao início. Isto porque ela não deve ser entendida com o seu sentido literal.
Uma boa forma de a explicar é usar o exemplo do Zé que exclama "I've won fuck all" após consultar o talão do euromilhões. Ou a Maria que ao encontrar-se com o amigo no pub diz "I did fuck all today". Ao ouvir esta expressão eu fico focado no "all" e dou-lhe ênfase não sei bem porquê. Daí considerar tratar-se de algo que é muito. Que é tudo. E o "fuck" no meio daquilo soa-me a "kick ass" nos meus neurónios. Logo ficaria a pensar que o Zé ganhou o euromilhões e que a Maria trabalhou "pra caralho".
Mas o que acontece é que o Zé não ganhou um chavelho e a Maria não trabalhou "um caralho".

Ora voltando para o discurso da madame fico a pensar que ela poderia ter querido dizer uma de duas. A primeira que seria "Britain is fuck all" no sentido que fuck all significa nada. Logo "a Bretanha é nada". E uma segunda em que ela não conhece a sua própria língua e por isso disse o que disse querendo dizer "Britain is all fucked". A Bretanha está toda fodida.

Ora considerando que esta é uma das maiores economias mundiais. Que, apesar de não ser uma Alemanha, está na ponta (da lança) da europa. Que tem médicos Indianos que são dos melhores especialistas do mundo. Que tem Portugueses a investigar a curas do futuro para doenças como o cancro. Que tem gente de um mundo de nacionalidades que nos leva o leite, o jornal, o correio, varre o chão, corta a relva do parque. Que conduz o autocarro nocturno que nos leva a casa enquanto dormimos.

E ao pensar isto. Vejo o video novamente e pergunto "Quem é esta madame?"... She's fuck all.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

didgeridoo@Oxford circus




Estava a passar por Oxford Circus na passada 6f e, por entre o formigueiro de pessoas, consegui distinguir o som de um instrumento que estimo (graças aos Blasted Mechanism). O didgeridoo.

Fui ver o que era...e era uma bela merda. O tipo que se apresentou como japonês não sabia tocar nem aquilo nem djembe (embora tentasse tocar os dois ao mesmo tempo) ...mas lá que tinha confiança, tinha.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

unknown poet @ St Paul's protest camp




Fui tirar umas fotos do festival...perdão, do protesto que se encontra acampado em frente à St Pauls Cathedral. E por entre os vários concertos e gritos de megafone fiquei a ouvir este tipo. Foi pena não ter gravado mais cedo. Só não o fiz porque fiquei tao preso naquilo que ele estava a dizer que me esqueci.

Não muda o mundo mas vale a pena ouvir.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

London Friday Night Skate & Sunday Stroll

Como é costume, este post vem tarde e a más horas.

Na passada 6F a London Friday Night Skate & Sunday Stroll esteve em peso mais uma vez nas ruas de Londres para permitir ao comum patinador percorrer algumas das suas míticas ruas juntamente com outras dezenas de aficionados.

Isto explica o que eu vi há uns tempos algures em Holborn.

São este tipo de actividades que me enchem de orgulho de aqui estar. Mostram o dinámico e proactivo que um punhado de gente pode ser para fazer uma coisa destas acontecer por entre o transito caótico de cabbies e double deckers. Algo que começa a ver-se cada vez mais em Lisboa e ainda bem. Gostaria de ver umas centenas a descerem a Duque de Loulé, Marquês, Liberdade abaixo. E só parar em Belem...era bonito.

Para os Portugueses Londrinos fica a dica. Este grupo (pelo que vejo) reúne-se todas as 6f e Domingos (podem ver os mapas da rota no site). Sendo que a 6f é para os hardcore que não têm problemas em esquivar-se to trânsito (e patinarem 20Km). E o domingo para os mais casuais que querem dar um passeio pelo hyde park chelsea e afins. Eu que sou um patinador medíocre (para não dizer merdoso (e medroso [e melindroso também])) não me vou atrever para já. Mas vou pensar em começar os treinos.


(Reparem na velocidade a que estes tipos andam...de costas.)

domingo, 16 de outubro de 2011

Staind @ HMV Forum

"Hey mate, I have a spare ticket for this gig...Staind. wanna come?" disse-me um colega meu. E eu fiquei a pensar "onde raio é que ouvi falar desta banda?". Depois de um pouco de google lá reconheci umas 3/4 músicas e vi que era uma banda muito na moda há uns 8 anos atrás. Era então por isso que o nome me era familiar.
Perguntei à minha mais que tudo se ela conhecia uma banda do mesmo nome, o que ela considerou um insulto. Os 5 albuns da mesma banda que tem no ipod justificam a sua reacção.

A memória que tinha de Aaron Lewis (o vocalista) era de um tipo normal de cabelo rapado (que confundo com o ex-vocalista dos live Ed Kowalczyk). O que vi agora parecia-se mais com um camionista. Gordo. De chapeu e barba por fazer. Mostrava que os anos também passaram por ele.

O recinto estava repleto de metaleiros (um orgulhosamente com uma tshirt dos pantera (porque raio é que aguém tráz uma tshirt de uma outra banda pra um concerto?)). A banda limitou-se a fazer o seu trabalho sem grande espectáculos. Mas houve momentos especiais quando ficava a ouvir o público em coro a cantar as mais velhinhas baladas.


PS- outro espectáculo dentro do próprio eram a quantidade de telemoveis e máquinas fotográficas que subiam e piscavam num aparente sincronismo. Um ou dois puxavam ainda dos isqueiros. Gente de outros tempos.











segunda-feira, 19 de setembro de 2011

War Horse @ New London Theatre



Esta semana fui ver a peça War Horse. Já desde Janeiro que via este cartaz na rua, escadas rolantes ou túneis do metro e chamou-me muito a atenção. Como será retratar um "teatro de guerra" num teatro? Quanto fui ver os preços assustei-me (acho que no mínimo 45£) e desisti da ideia (mesmo assim o primeiro mês estava praticamente esgotado).

Da última vez que fui ao Guanabara (um club brasileiro) lembrei-me disto novamente porque o espaço é paredes meias com o teatro. Fui depois consultar o site para ver os preços e lugares disponíveis e comprei logo naquela de me obrigar a ir.

Adorei a peça e acho mesmo que foi a melhor peça que já vi até hoje (...não é que tenha visto muitas).
Tem tudo aquilo que acho que o teatro deve de ter...imaginação e actores. Há muitas peças que podem até ser muito boas mas têm muita "tecnologia" envolvida e acaba por tudo já ser um pouco pré-fabricado. Outras acabam mesmo por nem ter actores. O Flashdance, por exemplo, foi um grande musica do west end mas tinha todos os cenários pré-fabricados e era uma questão de subir e descer cenários (mesmo tendo em conta que foram bem desenhados e pensados).

Nesta peça o cenário são as pessoas. Claro que descem e sobem portas e janelas mas ha sempre pessoas que pegam e os colocam nos sítios num bailado sincronizado. Os vários cavalos são comandados por 3 pessoas cada um. E fazem-no de tal forma que em poucos minutos eu esqueci-me que estavam ali pessoas e só via um cavalo bem treinado. Até os sons dos cavalos (e dos vários animais que entretanto aparecem) são feitos pelos actores em vez de usar uma gravação. A música é também tocada por músicos que fazem parte da própria peça.

Outra coisa que gosto muito no teatro é o palco giratório. Adoro ver a originalidade do encenador para usar aquilo numa peça. Vi isto pela primeira vez no nosso Dona Maria Segunda numa peça dos artistas unidos. E o encenador, também aqui, o soube usar.
Vê-se uma enorme diferença entre Teatro Português e Inglês nesta peça. E começa logo pela plateia. Se não estava esgotado pouco não faltava e isso reflecte-se obviamente nas receitas que por sua vez dão espaço para orçamentos dignos de uma peça profissional.

É quase incrível como uma peça de umas 2h30 não cansa por ter sempre novos momentos de originalidade. A forma como montam e desmontam os vários cenários. Como aproveitam o palco inteiro e até a planeia para representar. Como conseguem trazer o ambiente das trincheiras de primeira guerra mundial para aquele espaço.

Estou aqui a controlar-me para não contar nenhum pormenor da peça porque foi a surpresa que me fez gostar mais dela. A história em sim é bastante básica e logo a partida já sabia o que ia acontecer. Mas o que importa é a forma como se narra esta história. Deixo aqui um teaser da peça. E também o aviso para quem está já interessado em ir. Para não o ver pois estraga alguma surpresa.



Ao procurar um video sobre esta peça tropecei no trailer do próximo filme de Steven Spielberg...War Horse. Não sei se vai funcionar tão bem como no palco mas, como disse antes, a história é simples. O importante é como se a conta.



PS- Se comprarem os bilhetes no dress circle não comprem os da primeira fila pois ficam com o corrimão a tapar metade do palco.

domingo, 11 de setembro de 2011

Onde estavas tu no 11 de Setembro?

by Nicholas Vinacco

É uma pergunta mítica de Baptista Bastos repetida inúmeras vezes - Onde estavas tu no 25 de Abril?

Para a minha geração o 11 de Setembro de 2001 ficará marcado na memória da mesma forma que o 25 de Abril de 74 ficou para a geração dos meus pais.

Onde estavas tu no 11 de Setembro?
Tinha um exame nesse dia e estava a almoçar em casa enquanto via o jornal da tarde na rtp. O pivô preparava-se para terminar o jornal quando lhe alertam pelo auricular que algo se passava. Ele noticia que um avião tinha embatido contra uma das torres gémeas em NY e que mais informações iam ser dadas nos próximos espaços noticiosos.
Desligo a televisão e apanho o comboio para a faculdade. Apesar de ter achado aquilo preocupante coloquei-o na parte de traz da minha cabeça e foquei-me no que importava na altura, o exame.

Fiquei umas horas na biblioteca e só depois fui para o departamento. A entrada estava cheia de gente e talvez só por isso parei para olhar o que estavam todos a ver. Vejo no pequeno televisor do segurança a primeira torre a cair. Senti a adrenalina do sentimento de medo e confusão. Seria aquilo mesmo em Nova Iorque? Será que um acidente poderia causar aquilo? Não era suposto uma torre daquelas ser impossível de colapsar?
Encontro-me com um colega meu que me conta que era um ataque terrorista e o que era o World Trade Center porque para mim, na altura, aquilo era um arranha céus como outro qualquer.
Só cheguei a casa perto da meia noite e liguei logo a televisão para ver o jornal da noite. Só aí me apercebi da dimensão (ou não) do que tinha acontecido e parte de mim não acreditava que aquilo tivesse acontecido.

10 anos passaram e ainda estamos a sentir as réplicas desse dia. As televisões de todo o mundo não se cansam de repetir as mesmas informações e as mesmas entrevistas com os sobreviventes.

Tal como há 10 anos, hoje comprei o jornal com o objectivo de o guardar. E estranhei que a única referência (para alem de uma crónica) foi uma página. Nenhuma referência sequer na manchete. Estou a imaginar os jornais portugueses com as suas versões alargadas com várias entrevistas e outras histórias para encher chouriços.



Em Londres houve uma cerimónia em frente à embaixada americana (e outra na catedral de St Paul's) com os familiares de vítimas britânicas e com a presença do príncipe Carlos. Um jornalista da BBC estava em directo a entrevistar um deles. E a certa altura pergunta sobre a importância especial desta data por ser o 10º aniversario. Ao que o familiar responde: "Não há nada de especial com este dia por fazer 10 anos. Não é mais especial do que o dia de ontem. Sinto a falta do meu pai todos os dias e hoje não é diferente".

Enquanto escrevia este post vi o comentário de um americano que construía a calçada em torno do Ground Zero: "Vou-lhe contar uma boa história, quer ouvir? É a história de um rapaz que estava aqui há 10 anos e que viu as torres caírem. Isso fez com que ele se alistasse para o Iraque e com que fosse para a guerra. Esse rapaz voltou e esta agora aqui como soldador. Voltou todo lixado das ideias e está ali em baixo a soldar. Fizemos a guerra e já o apanhá-mos! E eu pergunto agora: Já podemos parar?"

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Estudo de Tese de mestrado do ISCTE sobre o processo de expatriação

Veio a meu conhecimento esta tese de mestrado que visa estudar o que motiva alguém trabalhar lá fora.
Não precisa de ser Português mas precisa de estar no estrangeiro há pelo menos 6 meses. Acho que as respostas têm de ser submetidas até ao final desta semana.

Emigrantes Unite! Bora lá responder e ajudar este estudo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Generation E.pt

Estive a ouvir e a ler uma reportagem de Lucy Ash sobre a nova emigração Portuguesa, para a BBC. Acho que vale muito a pena principalmente quem está à procura de uma motivação extra para sair.

Na reportagem Ângela tem 29 anos (curiosamente a minha idade) terminou o curso à 6 anos mas nunca conseguiu exercer a actividade de professora por mais de 9 meses (contínuos). Apesar de ter concorrido a 362 escolas não conseguiu colocação (se estas a ler isto e tens o teu emprego graças a uma cunha, esta é a altura para te encheres de vergonha).
A certa altura fala em não equacionar ir para um país africano (e acho que também se referia ao Brasil) por não conseguir viver com a pobreza e pedintes lado a lado (espero não ter percebido mal e não estar a cometer uma injustiça).

Quero pegar no caso da Ângela e usa-lo como uma generalização dos "cérebros" que temos em Portugal.
Apesar do grande esforço de candidaturas nunca saiu do conforto dos amigos e família no Porto (teve oportunidades para ir para o Alentejo com um contracto de 1 mês (que reconheço ser ridículo) mas nunca saiu do conforto daquilo que conhecia para arriscar 1 mês que poderia abrir outras oportunidades (o mais certo seria não acontecer)). Em 6 anos nunca pensou que deveria adaptar-se ao mercado (saturado de professores (especialmente de línguas como é o caso)) e usar as suas próprias valências para encontrar um emprego que lhe dessa a estabilidade que precisa (e não estatuto ou dinheiro).

{Vou fazer um parêntesis para escrever sobre a minha experiência na empresa onde estou agora. Só mais de 6 meses depois de ter começado a trabalhar nesta empresa é que me apercebi que alguns Senior Developers com quem trabalhava (com mais ou menos frequência) não tinham qualquer formação em Informática ou Computer Science. Um que está um passo abaixo do Architect (o topo da carreira nesta área) é Licenciado em Física pela Universidade de Oxford. Outro com quem trabalhei mais de perto (e que me apercebi que tinha falhas graves em conceitos básicos) era Engenheiro Mecânico. E o mais curioso de todos estes casos era o que é Licenciado em Zoologia pela Universidade de Cambridge. Aproveitei um dia de copos para perguntar o porquê de ele mudar de área (ainda por cima depois de ter ouvido as histórias do quanto Cambridge é exigente). Ele disse-me que Zoologia era uma área que lhe interessava. Que não se arrepende da formação que teve mas que não se via a vida inteira a fazer aquilo e... os ordenados em Informática eram muito mais atrativos.

Apenas tenho 4 anos de experiência, trabalhei em 5 empresas diferentes e em 7 clientes (assim por alto). E nunca vi um licenciado em línguas, psicologia, sociologia, etc, que trabalhasse nesta área (mas conheci uma Arqueóloga Tester). Raramente conheci alguém que, estando formado, equacione ir para uma área diferente. E esta mania de chamar "cérebros" a quem apenas tem um curso (que nunca será um atestado de inteligência) aflige-me. Cérebros são quem procura a partícula de Higgs Boson ou descobre um vírus que ataca células cancerígenas. Não um tipo que passou 3,4,5 anos a ir para um campus.

Nos últimos 3 meses tive o caso mais impressionante. O meu novo colega de equipa passou por várias dificuldades na vida e isso fez com que tivesse de começar por baixo. Trabalhar no tesco (um supermercado) a carregar e encher prateleiras, depois como caixa. Até chegar a esta empresa como alguém que desenhava emails (com html e css) e destacou-se por começar a programar nas horas livres para construir ferramentas que o ajudasse no trabalho. Concorreu a um emprego como web developer internamente e agora tem o emprego que desejava há anos.
Quantos "cérebros" Portugueses estariam dispostos a trabalhar como caixas para ter a estabilidade (de pagar a sua própria renda) e usarem as suas horas livres para se valorizarem numa área que tivesse empregabilidade? Não estou a falar em caça cursos, apenas para carimbar no CV. Mas em pegar nos livros e queimar a pestana por si mesmos.

Este novo developer sabe bastante mais do que eu e até arrisco mesmo dizer que há mesmo muito pouco que lhe possa ensinar. Mas é alguém que na hora de almoço esta a construir um jogo em XNA apenas por curiosidade (e com isso paga também uma licença de 99$ assim só por desporto).}

Fecha parêntesis. Se depois de 6 anos de uma carreira fracassada não agarramos um contracto de um mês num sítio diferente como é que vamos arriscar num país estrangeiro sem proposta alguma (e com concorrência de todo o mundo)?

Se somos um país de "cérebros" porque é que encontramos tanta dificuldade em ter ideias próprias?

domingo, 21 de agosto de 2011

CSS @ Rough Trade East

Onde:Rough Trade East - 91 Brick Lane, E1 6QL.
Quando:22 Abril (Hoje!)
Quanto:Comprar o album (11.99£) ou ir para a fila 1h antes e rezar para que ainda haja bilhetes.


Tenho especial simpatia por esta banda Brasileira. No principio dos noughties houve o boom do electroclash/electropop e eu deixei de ouvir rock/pop barato para me render à futilidade deste tipo de música.
Os meus colegas de faculdade apresentavam-me bandas como os Fischerspooner, Miss kittin ou Peaches. Juntava-mos uns trocos (almoçava-se menos) para ter guito para ir ao Lux nas noites de club kitten (com o dj Kitten aka João Vieira, agora X-wife (e, já agora, ex-Londrino)) e ouvir uma série de malhas novas. Gravar para um voice mail os riffs para depois tentar descobrir qual era a música/banda.

Durante essa febre Z. e J. subscreveram a um mailgroup de electroclash onde se podia fazer reply de uma nova banda que tivesse descoberto ou alguém poderia perguntar que raio de música é aquela que tem como refrão "this is a happy house...". E por entre os milhares de threads que aquilo tinha, conseguiram desencantar uns tais de Cansei de Ser Sexy que tinham umas fotos engraçadas (roliças vestidas de licra florescente) e que tinham uma maqueta de músicas que disponibilizavam. O som era sujo. As letras simples de rima fácil ("let's make love and listen to death from above"). E nós adorámos.
Depois foi seguirmos, deste lado, a ansiedade que eles tiveram pelo seu primeiro concerto. Depois um silêncio de meses seguido de um contracto discográfico que resultaria no seu primeiro álbum no Brasil.
Eu adorava a expressão "Cansei de Ser Sexy" (que passou a ser o meu status no messenger) e também a abreviada CSS (pelo trocadilho com CSS, por estarmos num curso de Informática...).

Até que, uns anos mais tarde, estou a conduzir e começo a cantarolar uma música que estava a passar na rádio que me era muito familiar. Foram apresentados como uma banda novidade que estava a rebentar nos states. O som era mais limpo. Algumas partes de algumas músicas ou pequenos arranjos foram alterados. Mas continuavam muito iguais aquilo que tinha ouvido na maqueta. Umas semanas depois e um artigo na Y dava também foco a esta banda. Meses depois foi uma constante na rádio (até ao enjoo) . Até que quando finalmente vieram actuar ao Lux...esgotaram sem eu conseguir bilhete.

E é isto que acho interessante nesta minha relação com esta banda. A única que consegui conhecer (mesmo que virtualmente) antes sequer de terem uma maqueta, até ao estrelato internacional. E que nunca vi ao vivo.





Já agora, os CSS vão também actuar no dia 23 no XOYO.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Recital@St Paul's Cathedral


O que: Recital de Orgao
Tonstuck No.1 in F – Niels Gade (1817-90).
Sonata in C major – Franz Xaver Schnizer (1740-85).
Fantasia and Fugue in G minor – JS Bach (l685-1750).
Fantaisie E flat – Camille Saint-Saens (1835-l921).
Sonata on the 94th Psalm – Julius Reubl (1834-58).

Quando: 5F 1 de Setembro.

Onde:St Paul's Cathedral
St Paul's Churchyard,
EC4M 8AD

Quanto: 5£ se forem a tempo de apanhar este deal.

É uma bela oportunidade de ver um recital e apreciar a St Paul's Cathedral ao mesmo tempo por um preco mínimo (já que custa normalmente 12.5£ só para entrar).

Ao pesquisar este deal acabei por tropecar no site official da Catedral. Parece que (mas provavelmente é preciso pagar a entrada):

Organ Recitals

Sunday Organ Recitals
Organ recitals take place in St Paul's on Sundays at 4.45pm. These recitals are free and last about 30 minutes. All are welcome to attend. Details of recitals can be found below.

21st August, Hannah Parry-Ridout (Immaculate Conception, Farm Street)
Music by J.S. Bach, Brahms and Liszt

28th August, Ronny Krippner (St George's Hanover Square)
Music by Tournemire, Ronny Krippner and Howells

4th September, David Humphreys (St Edmundsbury Cathedral)
Music by Buxtehude, Howells and Liszt

18th September, Michael Bawtree (Glasgow)



sábado, 13 de agosto de 2011

Canary Wharf Jazz Festival 2011

Quando: 13 e 14 Agosto

Onde: Canada Square Park: Outdoor Cinema
Canary Wharf, E14 5AX


Sunday 14 August
1.30-2.45pm Kit Downes Sextet
3.15-4.30pm Grupo X
5-6.15pm Sarah Gillespie
6.45-8.15pm Jay Phelps Big Band with Clare Teal


Apesar de não ser num sítio muito central vale a pena. O festival de jazz de Canary Wharf é uma boa oportunidade de beber um copo ouvindo jazz ao ar livre. É uma boa iniciativa para animar aquela área da cidade que, ao fim-de-semana, é uma cidade fantasma.

O ano passado passei por lá e não me arrependi. Gostei especialmente desde momento em que o parque inteiro fez coro. Apesar de não se notar muito no vídeo o coro de espectadores acabava por ser bastante alto e até surpreendentemente afinado:





terça-feira, 9 de agosto de 2011

Panic on the streets of London


Hoje acordei para mais uma avalanche de notícias sobre os novos motins um pouco por todos os bairros merdosos de Londres.

Em Clapham Junction, o mais próximo de mim, centenas de miúdos pilharam lojas de roupa e electrodomésticos até ao amanhecer. Uma loja de máscaras, que me salvou a vida quando procurava algo para uma festa temática, foi queimada. E com ela alguns apartamentos.
Tenho uma fonte que mora em Clapham Junction que viu toda a noite pilhagens de lojas feitas por miúdos. Raparigas que nem idade deviam de ter para conduzir paravam o carro que era recheado com artigos pilhados e partia. Para regressar de novo para novo carregamento. Miúdos que recebiam telefonemas da família, não para perguntar "o que raio estás a fazer a esta hora na rua?!?!", mas para dizer qual o modelo do LCD que querem lá em casa...
Uma senhora de meia idade passeava o seu cão imponente. E ao voltar trazia a trela numa mão e uma televisão na outra.

Não são vândalos de outras comunidades que fazem isto como os representantes das minorias querem fazer crer nos média. São os próprios vizinhos.
Aproveitem para ouvir este relato de este grupo de amigos que pilhava Londres pelas 9h30 da manhã.
De garrafa de rosé na mão a dizerem que a culpa disto é do governo (que não sabem ao certo qual é) e ao mesmo tempo dos "ricos". Que isto tudo tem um motivo, um objectivo:

"Showing the rich we do what we want".

Os "ricos" a que se referem são "the people that have businesses"...ou seja, todos aqueles que não vivem à custa do estado como esta gentinha.

E depois disto queria lembrar o que um Psicólogo convidado foi dizer na RTP (já agora à semelhança com uma socióloga residente em Londres também em directo no programa). Que o estado cortou os apoios aos youth centers. Que os Jovens estão frustrados e sem nada para fazer. Que todas as notícias da crise e do relacionamento com o grande capital e as agências de rating deixa a juventude revoltada. Agora oiçam a gravação acima novamente. Estes putos nem sequer sabem qual o governo que os governa! Quanto mais o que são agências de rating. Mas está tudo a dar-lhe no ácido?
Porque é que este mundo de académicos não se convence que somos todos diferente e que para isso precisamos de ter uns quantos que não querem MESMO fazer nenhum! Que se estão a cagar para tudo e todos na vida e que ninguém é mais culpado por isso do que eles! São precisos alguns assim para que o mundo gire!

Também várias vezes a jornalista disse que "Croydon é uma cidade pacata e calma". Gostava que da próxima vez que ela viesse a londres fosse apanhar um autocarro ou assim pela meia noite em Croydon. Isso ia ensinar-lhe a verificar melhor as suas fontas para a próxima vez. Se eu perguntar a algum residente da Cova da Moura se é um bairro pacato não espero uma resposta diferente. Não quer dizer que ele esteja a falar verdade. Todos nós temos a tendência de menosprezar o que acontece no nosso bairro quando alguém de fora nos pergunta (especialmente se já tiver má fama). A verdade está no coeficiente de esfaqueamentos/mês.

A partir da hora de almoço começaram todos no escritório num grande alvoroço. Porque ouviamos sirenes dos carros de polícia (também porque estamos perto de uma) e pela avalanche de twits que diziam que em soho já haviam motins. Que a estação de Holborn estava fechada de polícia de choque à porta. Fui espreitar a janela e vi o que me parecia ser Hackney ao longe:


Começo a receber mais emails dos recursos humanos da empresa a pedir para as pessoas que moram nos locais dos motins para regressarem mais cedo a casa e notificarem os seus managers. Para acima de tudo se manterem a salvo e longe dos conflitos.

Vou pesquisar o twitter para ver o que se passa em Tooting e encontro muitos twitts a informar que as ruas estão fechadas em Balham, Tooting Bec e Tooting Broadway. Que existem loja pilhadas em Tooting Broadway. E como eu vivo em Tooting Bec comecei a ficar muito preocupado. Até que começo a pesquisar por uns nomes de terras ao calhar e parecia que havia motins em todo o lado...mas nas notícias tudo calmo. Quando Cheguei a casa confirmei que era tudo tanga.

Até hoje não sentia perigo ou medo. Tinham algum espanto pelo que se estava a passar mas não tanto como seria se por exemplo fosse um motim em Lisboa. Mas depois de ouvir as historias de colegas que moram nos sítios afectados como Peckham e Croydon comecei mais a sentir a adrenalina de um acontecimente destes. Talvez não me tivesse batido antes por não ter visto pessoalmente os estragos.
E fiquei bastante afetado quando recebo emails como:

"Given what’s going on in and around London at the moment we are going to postpone our charity sports day.

A new date will be circulated shortly."

Ou um colega meu que cancelou a sua presença no jogo semanal de futebol porque vive em Ealing uma das zonas afetadas e queria chegar a casa antes de anoitecer.

Como é que um grupo de miúdos faz com que uma cidade mude a sua formar de estar do dia para a noite? Este sentimento de que um londrino não é livre de ir jogar à bola e voltar a casa assustou-me e revoltou-me.


Foi triste ver entre Holborn e Old Street praticamente todas as lojas encerradas às 5h da tarde. E em especial estes pubs e edificios em Old Street a serem fechados como se vivesse na Florida à espera do furação Katrina:










Em tooting e balham praticamente todas as lojas encerraram mais cedo por motivos de segurança.



"Panic on the streets of London
Panic on the streets of Birmingham
I wonder to myself
Could life ever be sane again ?"


Já os Ingleses the Smiths o diziam. Será que vamos recuperar a sanidade?





segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Anarchy in the UK



"Anarchy in the UK" é uma boa forma de descrever o que se passa nas ruas de Londres neste instante. Estou a ver imagens na BBC de lugares que parecem estar a competir pelo campeonato do mais caótico de Londres. Multiplicam-se edifícios em chamas.

Na passada 5F alguém (que nem merece ser mencionado) foi morto pela polícia em Tottenham. Li que era uma perseguição policial a um traficante e que foi encontrada uma arma e uma bala nas entranhas de um rádio de polícia. Ora a família do traficante falecido foi pedir esclarecimentos numa manifestação em frente a esquadra de polícia (alegadamente porque ninguém da polícia foi notificar a família) no passado sábado. Apesar de pacífica a manifestação escalou e rapidamente se transformou num motim onde foram pilhadas lojas e carros e edifícios incendiados.

Em sede própria "respondi" à família:

"for those who have waited 5h for an answer at Tottenham police station - Life expectancy drops sharply when you're a gangster..."

Isto é algo que me irrita profundamente. Que lata tem a família de ir pedir o que quer que seja? Deviam de ter vergonha!

Hoje de manhã o tube na Victoria line tinha atrasos porque a estação de Brixton tinha sido encerrada. Desconfiei que fosse por haver motins, pela fama que aquela zona tem, e confirmou-se. Um colega meu que nem mora assim tão perto de Tottenham avisou que não ia estar nas suas melhores condições porque tinha passado a noite toda a ouvir gritos, sirenes e helicópteros.

E hoje ao final da tarde os motins multiplicaram-se quase como um fogo florestal. Num fogo florestal as agulhas de um pinheiro ou as folhas de um eucalipto em chamas podem cair largas centenas de metros à frente da frente de fogo, criando novos focos de incêndio. E os edifícios em chamas fizeram-me lembrar isso. Carro a arder em Hackney, Loja a arder em Peckham, prédio a arder em Croydon...multiplicam-se. Como se a acendalha de um fosse cair a umas milhas ao lado para dar início a outro.

No escritório, enquanto me decidia que transportes apanhar para regressar a casa para evitar isto, vi as filmagens de helicóptero do prédio em Chamas em Peckham (a este de londres). E por entre o fumo que cobria os telhados dos prédios circundantes via-se uma dezena de miúdos de capuz nos telhados. A forçar a janela de uma casa, tentando entrar. Alguns desistem e partem para outra atravessando os terraços/telhados contíguos.
Vê-se uma mulher a sair de uma espécie de arrecadação num desses terraços com uma enorme mochila às costas. Um grupo de miúdos apercebe-se e aproxima-se como lebres. Ela olha para trás e tem os tomates de ir até à porta e fecha-la sob o olhar dos vândalos, mesmo ali. Eu pensei mesmo que iam acontecer algo de grave e que a coragem lhe ia sair caro. Mas eles ficaram tão surpreendidos que nada fizeram. Ficaram apenas a olhar e a esperar que ela abandonasse o local para rapidamente meterem a mão na maçaneta e abrirem a porta para nova pilhagem.

Depois novo directo para Croydon onde um edifício inteiro estava em chamas algo que me fazia lembrar imagens do Blitz.

Agora mesmo estão a pilhar lojas em Clapham Junction segundo uma reporter da BBC. Descreve centenas de jovens de cabeça tapada e em especial uma rapariga que tem dificuldade em andar tal é a quantidade de roupa roubada que leva roubada.




Aqui podem ter uma actualização (desactualizada) dos vários focos de motins na cidade. E o que me vem logo à memória é que desfazem alguns mitos. O mito que o sul é mais violento que o norte. O mito de que Brixton, Hackney, Islington, Dalston são zonas trendy cool e longe da fama de outros tempos. O mito que certas localidade em zonas 1-2 de Londres têm rendas muito mais baratas que em zonas 3-4-5 por nenhuma razão em especial (são extremamente seguras).

Offtopic[Isto é uma discussão de longa data. Vivi em Dalston, durante uns dias, mesmo em frente ao supermercado que hoje foi pilhado. Nunca lá me senti seguro. No entanto conheci quem lá vivesse justamente porque era uma zona de artistas e me vendiam aquilo como um sítio maravilhoso cheio de galerias de arte, cafés, bares...mas nunca vinham para casa à noite sem ser de táxi. Mas é um spot muito seguro! (estou a gozar, obviamente)
O mesmo ouvi de BrickLane, Brixton, Hackney... "não é assim tão mal como dizem. Tem muitas galerias e tal"...pudera! rendas baixas! Da última vez que fui à Rough Trade East em Brick Lane um rapaz perguntou ao segurança se podia prender a bicicleta a cadeado num poste ali perto. Ele disse para ele ir para ruas mais longe e repetia muitas vezes "this is Brick Lane!!" como se fosse senso comum.]

No Museum of London existem vários documentos fotográficos dos motins em Londres nos anos 80. Em especial Brixton em 1981. Também têm uma maquete de uma rua de Hackney com os posters e os graffities tal como era na altura desses anos conturbados.

Estes motins parecem ser já bem piores que os seus antepassados. E agora parece ter alastrado para fora de Londres, para Birmingham.

E nas notícias os nomes acumulam-se:
Peckham, Islington, Brixton, ClaphamJunction, Lewisham, Croydon, Woolwich...

Oiço um helicóptero lá ao longe (talvez Clapham Junction). Espero conseguir domir.

PS - A photo não é dos motins. Mas da manifestação "March for the Alternative" de 26 de Março de 2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Nascer no País errado.



Fui a Lisboa passar uns dias a banhos. Estava na esplanada da Pastorinha em Carcavelos a abraçar o sol e a ver o mar (porque estava tanto vento que não dava para mais) quando chega um grupo de adolescentes que se senta na mesa ao lado.
Toda aquela música das ondas é abafada pelas conversas fúteis e os risos estridentes.

E uma rapariga que tinha a qualidade de não se calar nem saber ouvir, a certa altura diz:

- É pah, yah era isso. Quando eu trabalhar e conseguir assim o meu dinheiro a coisa que mais vou querer comprar é uma moto de água. Pah, curto mesmo bué.

Moto de água...Moto de Água!?! É que não estamos a falar de ter uns trocos para ir para a esplanada, sair ao fim-de-semana, ter gota para o carro ou mesmo para poder comprar carro...já nem estamos aí! Estamos no nível em que isso tudo já é dado como certo ao ponto de a primeira coisa que se deseja é um brinquedo para usar 3 meses por ano. (agora que escrevo isto lembrei-me de ter lido que o desejo de alguém que trabalhava numa lixeira algures na Rússia era poder comprar um computador para poder criar uma conta no Facebook).

Tentei ignorar a conversa mas a repetição de uma frase chamou-se a atenção novamente:

- Oh pá...eu nasci no País errado...

Aqui tive de me virar e ver quem era a personagem. Uma rapariga linda que aparentava estar nos seus vinte e poucos (apesar de, antes, na minha cabeça ter 15), pele morena, óculos Ray-Ban, calções muito curtos de cigarro e bebida na mão.
E a dizer:

- eu nasci no País errado...

E eu cheio de vontade de lhe mostrar o que tinha lido antes no jornal. Milhares de crianças a morrer de fome na Somália. Uma nação de famintos.

E ela, de pele morena, a fumar na esplanada. Nascida no País errado. Nem sabe a sorte que tem.



PS- A foto acima é da Praia do Guincho...por falta de material.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Pub?

Era pouco depois das 17h e um colega dirige-se a outro e diz:

- Pub!?

- Pub? But it's Monday!! - responde o outro.

- Exacly! The first drinking day of the week!!


Isto tem acontecido consecutivamente nos últimos meses. O mesmo grupo, e em especial este colega, conseguem beber (e muito) durante todos os dias da semana (para não falar de fim-de-semana). E ele nem sequer tem uma profissão de pouca responsabilidade, é um Business Analyst e precisa de estar atento e concentrado durante a maioria do dia nas várias reuniões. Isto é algo que aposto que em Portugal não aconteceria. Onde importa mais parecer do que ser. Importa mais um BA com um bom nó de gravata do que um BA ressacado que faz bem o seu trabalho. E para ainda ajudar à discussão, este tipo de que falo fuma uns charrinhos ao longo do dia. Que faz com que tenha os olhos avermelhados e grandes olheiras.
Tendo isto tudo em conta aposto que ele não seria contratado em Portugal nem pelo Macdonals (a não ser que tivesse cunha). Contudo é um grande profissional e um excelente companheiro para o pub.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

LoonyTube to make the world go around

Estava no tube na Victoria line a regressar a casa. Como é normal, não consigo arranjar lugar sentado, e esgueiro-me para o corredor entre lugares sentados. Reparo num homem de meia idade sentado com um cruzar de pernas muito estranho. De forma que ocupava o corredor com a perna. Odeio este tipo de merdas. O metro já é curto para a quantidade de pessoas a esta hora e por vezes acabamos por ter alguém que decide ter a mala debaixo das pernas (em vez de no colo) e que por isso tem de esticar as pernas e ocupar um lugar no corredor ou mulheres muito vistosas que cruzam as pernas da mesma forma que referi acima. Mas este caso era diferente. Era um homem negro de meia idade com um adesivo na mão (provavelmente uma marca de cateter) e pinta de pedreiro ou assim...não de quem cruza a perna.
Então deixei-me ficar no lado esquerdo dele o máximo que podia sem me encostar às pernas dele. Continuei na minha vida a ver notícias no telemóvel e senti um toque na perna. Vi que tinha sido a sola do teni do homem (pela forma estranha de ele estar sentado) mas assumi que tinha sido por causa das acelerações do metro.
Passado pouco tempo senti um pontapé na perna. Não com tanta força que me doesse ou deixasse marca mas um chega para lá valente que me faria perder o equilíbrio se não estivesse a segurar o corrimão. Foi um daqueles momentos "isto não aconteceu". Tive ali um segundo em que me perguntava se tinha mesmo acontecido (porque ele continuava a olhar em frente para o nada) e onde o sangue me começava a ferver. Não tenho a certeza mas acho que ainda vi a perna dele levantada que me denunciou que teria sido de propósito e disse:

- What the fuck was that for???!

e ele respondeu a olhar em frente para o nada:
- I don't whant no faggot near me!!

e continuou a balbuciar uma série de coisas que não percebia com aquele sotaque de preto Inglês. Mas sempre a olhar em frente ou para o tecto e nunca para mim. Eu até comecei a desconfiar se aquilo era relacionado comigo e olhei para os lugares em frente para ver se era com outra pessoa. E perguntei-lhe:

- Who are you talking to?! What are you looking at? I'm standing right HERE!!

Isso fez com que ele se exaltasse ainda mais e começasse a perguntar o que é que eu queria entre uma série de coisas que nem me lembro. Neste momento eu tinha a cara quase colada a ele e ele nem sequer olhava para mim enquanto gritava e esbracejava. Fiquei com a prova que ele era um doente mental. Arrumei o telemóvel e fiquei a olhar para ele enquanto ele arregalava os olhos e grunhia para o nada. Comecei a suar muito, a tremer das mãos e a ver que ele tinha um nariz grande e inteiro (não poderia ser boxer). E quanto mais olhava mais me apetecia deforma-lo. E uma vozinha dentro da minha cabeça a dizer-me "agora dá-lhe...dá-lhe...bam! Simples. Ele não consegue fazer nada depois e está a pedi-las!". E outra "deixa de ser puto. Já tens idade para ter juízo. Depois a polícia vem e vais dizer o que? Que lhe partiste o nariz porque ele te deu um toque na perna? És estrangeiro...isto só te vai trazer problemas. Relaxa e esquece...".

E quando me começo a acalmar e preparo-me para voltar para a minha vida ele bruscamente vai buscar o saco que tinha no chão e aí...aí o meu sangue gelou.

[Muitos morrem em Londres esfaqueados em situações mundanas como esta todos os anos. Cresci no Cacém onde ter um chino era banal e ocasionalmente alguém se cortava. Mas não era banal morrer-se disso. A intenção era diferente. Aqui quando tal acontece geralmente não é para aparar as patilhas.]

Uma nova vozinha na minha cabeça gritava "BAZA!!! Afasta-te dele. Não o provoques mais!". Era a correta. Mas fui demasiado orgulhoso para sair já que ele me tinha provocado com o pontapé.
Ficou a apalpar o saco de uma forma como se tivesse mais medo que eu o roubasse do que intenção de tirar de lá algo. E depois foi procurar algo nos bolsos (novo gelo no sangue) que se confirmou ser um lenço de papel...

Peguei no telemóvel e continuei a ler as notícias...coisa nenhuma. Porque a vozinha do "dá-lhe agora!" não se calava e não me conseguia concentrar. Portanto continuei a fingir que lia enquanto engolia o que restava do meu orgulho.
O Metro parou na estação e a rapariga que estava à minha frente saiu deixando lugar vago que aproveitei ficando assim sentado lado a lado como loony. Enquanto me sento ele apressa-se a levantar como que para sair na mesma estação e não resisti. Dei-lhe um encosto de ombro que fez com que ele perdesse o equilíbrio e se sentasse novamente. Levantou-se enervado a gritar qualquer coisa como "what?! what?!" e eu acompanhei-o. Ficámos virados um para o outro e ele sempre a olhar para o nada e a gritar. Cinicamente, apontei-lhe a porta como que a mostrar que ninguém o estava ali a impedir de sair:
- Wanna leave? Leave!

Várias pessoas ou saíram ou mudaram de lugares porque ficaram todos praticamente vazios. Uma rapariga que se senta ao meu lado diz-me:

"It takes some, to make the world go around!"

E essa frase deu-me algum conforto. O papel dele era o de doido, o meu este e assim o mundo girava.

Ele não saíu e sentou-se na fila oposta à minha. Começou a abrir botões da camisa e pegou num livro que se assemelhava a uma bíblia velha:

- So now you see! Now you're afraid of my power!

E outras coisas que não me lembro mas sei que continuou a dizer que era Deus e que estava ali para nos salvar e ao mesmo tempo dizia que não precisávamos de teme-lo porque nos queria salvar. Que ia a Brixton tomar um banho... tão bíblico.
O Metro chegou a Stockwell e todos saímos para a Northen Line ficando ele sozinho a gritar preces, a olhar para o nada... e o mundo girava.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Into the guts of London...

Crack The Surface - Teaser Trailer from SilentUK on Vimeo.



Por baixo do intenso espaço aéreo. Do trânsito caótico, das ruas a rebentar de gente. Existe uma outra Londres. Um submundo subterraneo que, para muitos, é ignorado mas que serve como terreno para os praticantes de este "desporto" chamado Urban Exploring. Aqueles que exploram as entranhas da metrópole.

Como podem ver em alguns dos videos, ha vários motivos para quem o pratica. Quer seja a foto difícil e incomum. A curiosidade por toda a mecânica e organização debaixo dos nossos pés. Ou a busca de um sentimento primário como o Medo (aliada à fuga da rotina e do enfadonho mundo acima). Mas um interesse comum: A curiosidade de estar onde não se é suposto. O interesse pelo que o quotidiano ignora.

E é muito isto que procurei e encontrei em Londres. Um local onde milhões vivem diariamente com todas as suas paixões (sexo, dinheiro, drogas, noite, carreira, aventura, arte, música, esgotos, carris...) e em harmonia.

PS - Fico preocupado ao saber que é possivel chegar-se tão perto (e tantas vezes) das entranhas dos transportes públicos de Londres sem que as autoridades se apercebam...

Crack The Surface - Episode I from SilentUK on Vimeo.

sábado, 25 de junho de 2011

Greenwich+Docklands International Festival 2011

De 24 de junho a 2 de julho decorre o Greenwich+Docklands International Festival.

Apesar de não ser numa zona central é um festival que vale muito a pena e é de BORLA!

Recomendo a peça Act Without Words II de Samuel Beckett (ver o motto deste blog) que vai a cena todos os dias às 22h mas precisam de telefonar para reservar lugar.

Mas se não tiverem nada para fazer hoje façam o esforço de ir até Mile End para ver "As the World Tipped" pelas 22h.

Haverfield Green, Mile End Park, London, E3
Sat 25 June, 10pm FREE (no ticket required) Runs approx 45 mins

Presented by Wired Aerial Theatre

This epic outdoor performance confronts the theme of climate change head on, combining aerial theatre, filmscape, original music and ingenious staging. Dramatising the Copenhagen Conference on climate change as a universal human tragedy, the show offers a compelling vision of a planet in crisis and an appeal for positive change in response to a disaster of our own creation.

Written and directed by Nigel Jamieson, one of the world’s leading forces in outdoor spectacle and created by Wired Aerial Theatre, As the World Tipped takes place in the highly appropriate setting of one of London’s most ecological and visionary parks.

Haverfield Green, Mile End Park, London, E3
Venue information>
Adjacent to junction of Grove Rd and Cordova Rd/
Haverfield Rd, Bow, E3
Download a map>

By Train: Mile End
By DLR: Bow Church
By Bus: 25, 205, 277, 323, 339, 425, D6, D7

sexta-feira, 17 de junho de 2011

The City (Rear) Window

O tempo tem andado um pouco estranho por aqui (o que até é normal).
Aqui estão dois panoramas da vista do escritório onde trabalho que apesar de serem de dias diferentes podia ser do mesmo dia (hoje) mas com um intervalo de 30 minutos.

Ontem:


Hoje:


O céu passa de coberto a limpo em muito pouco tempo. Apesar de estar calor (16'-17') quando vem uma chuvada repentina fica uma brisa fresca (veste casaco) entro no metro está uma sauna (despe casaco...suar...) saio para um dia de sol que rapidamente se transforma em chuviscos (veste casaco) até que chego ao escritório onde faz um efeito de estufa volta e meia. Quando cheguei a casa tive de esperar que uma nuvem largasse a sua carga durante uns 15min para poder dar uma corrida no parque. Começou a fazer novamente sol que não durou muito pois o céu ficou novamente num cinzento avermelhando que me fazia lembrar aqueles momentos pré tornado. Largando uma carga de água que caía de estrondo pelos telhados. Para passado uma hora voltar tudo de novo a um céu pouco-nublado.


Depois desta conversa da tanga vem a parte que importa. O panorama é de uma das vistas que tenho das salas de reuniões (a minha é uma deprimente ponte de vidro e ferro). E apesar de o panorama de baixa qualidade não dar para perceber esta é uma vista desconcertante. Conseguimos ver a zona de Gray's In, a City com o O Guerkin, a St Paul's Cathedral, o London Eye e até a mais recente Shard London Bridge (ainda em construção).



domingo, 12 de junho de 2011

Seinfeld @ London

Foi a 15 de Dezembro do ano passado que recebi um mail da O2 informando que podia comprar bilhetes com prioridade para a primeiro espectáculo ao vivo de Jerry Seinfeld em Londres em 12 Anos! Quando vi os preços fiquei agoniado. Era no mínimo 100£!!! E nem sequer para os melhores lugares.

Fiquei dividido entre perder a cabeça por um espectáculo único e não ser roubado.

Não esperava pelo que aconteceu de seguida. Passados 5min ainda haviam bilhetes. Passadas 5 horas ainda haviam bilhetes...e 5 dias...e 5 meses. O tiro saíu pela culatra e a maioria achou que não valia a pena ser roubado por 2h de espectáculo. Esperei que os preços baixassem mas tal não aconteceu. Nas últimas semanas começaram a vender os melhores bilhetes ao mesmo preço e bilhetes no "3º anel" a umas 70£... onde era possivel ver apenas com binóculos.

Até que E. (um colega meu, Brasileiro) me mostrou bilhetes no ebay muito mais baratos. Eu descartei a hipótese de os comprar porque julguei que fossem falsos. Como é que é possível venderem bilhetes por um preço inferior ao site oficial? Mas E. é um tipo com esperiência nestes bilhetes do mercado negro. Apenas e só porque já esteve exactamente na mesma situação. Comprou vários bilhetes para um concerto do Prince para os revender. Mas correu mal e ficou a arder com o dinheiro. De modo que ele vai com frequência procurar bilhetes para estes espectáculos de aparente grande afluência em busca de outros que, tal como ele, estão agora à rasca para não perder muito dinheiro com o negócio que se previa positivo. O último negócio que lhe correu mal foi o "this is it" do Michael Jackson.

E assim conseguimos uns bilhetes para um bom lugar por 62£ cada... algo que parecia bom demais para acreditar.

Ao chegar à O2 Arena (em North Greenwich) tive de passar a minha mochila e casaco pelo raio X e passar por baixo do detector de metais. Para confirmar que aquilo era apenas fogo de vista porque passei com chaves carteira e telemovel e nada apitou.

No início tudo parecia muito vazio, como esperava, mas quando já passava da hora começou a chegar muita gente. Ou decidiram comprar bilhetes à ultima hora ou foram atribuídos a patrocinadores ou empregados da O2.
O espectáculo começou com George Wallace como convidado seguido por Seinfeld que entrou a correr deixando muitos sem perceber quem é que era aquele gajo ali no palco (especialmente os que estavam no "3º anel").




Foi um bom espectáculo mas não senti aquela adrenalina de estar na presença de um dos meus ídolos (talvez por ser cegeta e não estar assim tão perto). Reconheci uma ou outra história o que quer dizer que algum daquele espectáculo é mesmo muito antigo (dos tempos da série em que ele começava e acabava o episódio em stand up). Mas mostra que apesar dos seus 57 anos e 3 filhos continua a ser um grande entertainer.











Uma correcção. Este não foi o primeiro espectaculo em 12 anos. Apenas porque Seinfeld fez uma aparição surpresa na Comedy Store em Piccadilly Circus no dia anterior.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Banksy @ Clipstone St, Fitzrovia


Graças ao blog StreetartLondon encontrei um Banksy não muito longe de oxford circus (ou Regent Park). Fica mesmo por baixo da torre da BT.





Confesso que o photosynth que tentei fazer na altura saíu-me um flop. Mas já que o fiz fica aqui na mesma:

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dining philosophers

À semelhança de ontem, hoje fui novamente almoçar com o instrutor americano e mais uns colegas. Estávamos a ter discuções filosóficas sobre objectivos e sentido de vida (ser escravo do trabalho e viver muito bem [real american dream] VS viver bem abaixo das espectativas mas deixar o emprego se não nos estimula) quando o sentido da conversa mudou para o euro estar alto relativamente à libra e a Grécia ser o bode espiatório.

Na mesa eramos 5, cada um representante de um País (Africa do Sul, Reino Unido, Portugal, Polónia, USA). E eu a ver onde a conversa estava a caminhar é a sentir que só não falavam de Portugal porque eu estava ali.
Então decidi trazer o "Elephant in the Room" e disse que por estarmos (Portugal) na merda não ajudava na confiança para com a economia europeia mas que no caso da Grécia eles forjaram os relatórios que provavam que eles eram suficientemente estáveis para aderir ao euro...e foi o que se viu. Então deixei no ar que todos procuram culpar Grécia (e agora Portugal) mas que nunca vi ninguém à caça de quem assinou esses documentos (e recebeu dinheiro por baixo da mesa). Sendo que esses senhores eram instituições externas e respeitaveis... e queria ficar por alí quando o Americano rematou de olhos arregalados - "and they were American.". Eu nem tava a tentar culpar os Americanos mas ele pegou no carapuço e enfiou-o bem.

E surpreendeu-me dizendo que os grandes culpados disto eram americanos porque eles começaram a crise. Que muita gente inventou lucros onde nada havia. Eu também não deixei passar que sentia que alguma culpa era nossa mas que temos sofrido um peso muito maior devido a todos os factores externos.

O Inglês queria ajudar à festa e disse que o Reino Unido era uma anedota a exportar (algo que me fez engolir uma gargalhada porque pensei no que é que Portugal teria para exportar [comparado com o uk]). E nem sei o que me deu mas acho que tive um momento de génio.

Disse que o que o UK exporta mais e melhor é cérebros. Os grandes cientistas e prémios Nobel são Ingleses. Logo o país devia de ter algum retorno quando eles saem, por exemplo, para os USA. Podia ser como fazem nos jogadores de futebol. (Dei o caso do Ronaldo que acho que está incorrecto mas no caso do Figo sei que é verdade.) Na transferência do Figo do Barça para o Real o clube onde ele teve como iniciados recebeu uma percentagem da transacção da transferência. Um prémio por formação.
E devia de ser exactamente assim também para a fuga de cérebros. Ao dizer isto, pensava nos cérebros Portugueses [como por exemplo António Damásio]. E ao pensar nisso vi que se as universidades Americanas tivessem de dar 10% de um qualquer prémio à Instituição Portuguesa que o representa (Univ de Lisboa), provavelmente não conheceriamos o António (e o Mundo saberia muito menos sobre as emoções e as funções neurológicas).

O Americano sentiu que já lhe estavam a pisar os calos e defendeu-se dizendo que então tinham de dar muito dinheiro à Stanford Uni. E ao MIT, acrescentei.

Quase ninguém comentou esta minha ideia (ok, o Americano não gostou) a não ser o Sul-Africano que gostou bastante. O que não me deixou especialmente animado porque ele também já achou muito inteligente beber uns shots de tequila em fila e depois expremer o limão para dentro do glóbulo ocular...

In the name of...

Estou a ter uma formação de SQL durante esta semana com um MVP da Microsoft (que não trabalha para a mesma). Por uma série de acasos acabei por ir almoçar com alguns colegas e com o instrutor. Como americano que é, fala muito. E no muito que falou acabou por falar da sua irmã que é actriz e vive em NY. Isso despertou-me o interesse na conversa não apenas pela irmã (eu que gosto muito de irmãs) mas sobretudo porque vim para Londres com o objectivo de ser uma ponte para NY.

E ele continua. Dizendo que não gosta lá muito do namorado dela. Que é um "prick". Que é vocalista de uma banda "I don't know if you guy´s know them here...

-it's called Rage Against the Machine".

Eu ia cuspindo as batatas fritas que tinha coladas aos molares...


O Zack de la Rocha?!? Eu naquele momento não queria saber se ele era americano ou se tinha tiques de 10% (leia-se gay)...eu só queria pagar-lhe pints até ele me deixar ser seu amigo.

E até fiquei uma beca ofendido por ele achar que vivemos numa bolha (para não os conhecermos). E isso notou-se na forma como lhe disse que eles foram gigantes em Portugal no final dos anos 90 e que são grandes aqui. Até deram um concerto "de borla" aqui em Londres depois de uma campanha lançada no facebook (com o objectivo de derrotar uma música do XFactor do topo de vendas do Single do Natal de 2009) ter tido um estrondoso sucesso.

(continua)A ser tão estranho que aqui aconteça, por vezes, conhecer pessoas que estão apenas a um grau de distância dos meus ídolos de adolescência.

Como o grande Randy Pausch disse relativamente aos objectivos de uma vida: "achieve your childhood dreams".

Não é o mesmo. Mas está mais perto.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cloud Time-Lapse Beta1



Tenho feito umas experiências com TimeLapse e depois de ter falhado o desabrochar de uma orquidea (porque fiquei sem cartão) tentei aproveitar uma manhã que parecia ter um ceu azul forte. Com umas nuvens iluminadas pelo sol que rapidamente se transformaram no cinzento aborrecido, caracteristico dos céus de Londres.

Fiquei contente por ter encontrado uma música do Rodrigo Leão que se adaptava bem ao tema.

Para breve fica a explicação de como (muito provavelmente) lixei a minha Tamron 17-50 F2.8 com estas brincadeiras. Fica o aviso para quem pensar fazer o mesmo.

sábado, 7 de maio de 2011

What the Finns need to know about Portugal

Isto já se torna viral mas, para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de ver, aqui vai:



Isto é coisa rara. Instituições públicas que fazem videos publicitários espectaculares. Basta ver a merda de anuncio que a comissão de eleições fez agora. Não só é uma enorme demonstração de amadorismo como revolta pensar que alguém foi pago para fazer esta merda (e nem sequer pensou que era melhor colocar no youtube para terem tempo de antena de borla).

Para breve fica um post sobre um artigo nojento que foi colocado no Times sobre Portugal.

terça-feira, 3 de maio de 2011

London TimeLapse Beta1

Foi através de um amigo que descobri o que era o TimeLapse. Sempre achei este tipo de videos fantásticos mas pensava que eram feitos com máquinas de filmar especiais.
Com dicas do M comprei um temporizador barato (made in HongKong) e fui para a rua com a minha Canon 40D. O resultado foi este. Parece-se mais com uma filmagem de camera de segurança mas fica o registo:

domingo, 1 de maio de 2011

Royal Stamps

Pois com tanta coisa esqueci-me o mais caricato que tenho a dizer sobre o casamento real. Selos...

Corria o ano de 1981 e o príncipe Carlos ia casar com Diana. E para comemorar os correios Australianos criaram um selo especial:



Isto criou alguma discução na altura (porque ambos estão de costas um para o outro) principalmente depois do divórcio.

Com o novo casamento real os Neozelandeses criaram um selo comemorativo:



Este causa ainda mais polémica não só porque aquele lado do mundo já se mostrou profeta no passado mas sobretudo porque este selo é ainda mais obvio porque implica separar os noivos e envia-los para partes do mundo diferentes.

Será que os Correios daquelas ilhas são uma espécie de Nostradamus para a família real Inglesa?

sábado, 30 de abril de 2011

The Royal Waste

Há poucas semanas, num almoço de equipe, perguntei aos meus colegas o que achavam do casamento real. Ninguém percebeu bem a pergunta e eu tentei ser mais claro e perguntei se não achavam que nesta altura em que está a haver cortes em vários sectores da função pública (no mesmo dia tinha lido que iam despedir centenas do serviço nacional de saude por exemplo, ou cortes na defesa, aumento do VAT (IVA de cá) há uns meses etc etc) que há tanto desemprego, a família real pensa em fazer uma cerimónia tão dispendiosa. Ninguém concordou comigo e houve quem dissesse que a família real tinham dinheiro para pagar isso. Pela reação deles calei a boquinha até porque era uma minoria estrangeira numa mesa de Ingleses.

Mas o que não perguntei (mas devia) era "mas de onde vem esse dinheiro"? Não me dei ao trabalho de verificar mas se o nosso Duque de Bragança anda a encher o buxo com dinheiro do estado (como deve estar definido por lei algures (e que agora que procurei a wikipedia desmente, por isso, gostaria de um esclarecimente disto)) e sendo o Reino Unido uma monarquia constitucional claro que têm de receber de algum lado (eles mandam em tudo!)! Se alguem me diz que é apenas com o seu Património que vivem e que pagam este casamento então eu atrevo-me a apostar que se me derem esse património todo hoje, eu estarei falido amanha.

Acabei de vir hoje de Windsor e fui a Edimburgo o fim-de-semana passado. E os dois castelos que vi nesses sítios, por mais cara que seja a entrada para os visitantes (16£ e 14£ respectivamente), não acredito que a sua manutenção seja paga meramente com isso. E já nem estou a falar com todos os gastos com a guarda real. Essa certamente é o estado a pagar (e aproveito para referir que estão a despedir militares que ainda se encontram no Afganistão).

Quando o pedido de casamento foi tornado público, o Reino Unido ameaçava uma nova recessão após um crescimento negativo. Ainda achei mais estúpido nessa altura. É como se vivessem no seu próprio mundinho (e vivem) e ignorassem a realidade do seu próprio povo. Algo que não é novo. Ainda ontem fiquei a saber que no casamento da actual Rainha o bolo foi enorme. Usadas dezenas de Kgs de açucar numa época de racionamento. Algo considerando "fascinating, considering the times of ration" dizia uma daquelas mulheres intragáveis que aparecem na tv por altura destes eventos (ou outras coisas futeis). Ora em altura de pós guerra mundial em que o país vivia racionamento o que é que a rainha faz? Um festim com um bolo de kgs de um ingrediente que a maioria dos ingleses nem sequer via ha meses.

Foi com este estado de espírito que fui na 4ªFeira a Westminster ver se o que noticiavam as tvs Portuguesas (mais ainda que a BCC) era verdade. Pelo caminho, ao lado do Big Ben, encontrei uma noiva à espera que o semaforo tornasse verde. Com um noivo munido de saco do sainsburys (copo de agua?).

E depois de tanta hora em directo a contarem histórias da multidão que tinha vindo acampar para a Westminster Abbey o que eu vi foi isto:




Provavelmente uma dúzia de tendas, menos que o número de tendas que se encontra há meses na rotunda ali ao lado (que protestam contra a guerra, o capitalismo e o preço do haxixe), e muito (mas muito) menos que o número de jornalistas ali também acampados. Foi triste ver o genero de pessoas que acampavam ali. Pensionistas, desdentados, obesos morbidos que se moviam a muito custo com canadianas. Malta que tendo os seus subsídios a entrar pelo correio todas as semanas, em vez de ir para o café, decidiram ir mais longe e acampar na rua. Também havia americanos (igualmente broncos). Ouvi uma senhora americana a dizer a quem lhe entrevistava que (os americanos) adoram a família real e que já que vinha de férias a Londres decidiu acampar para fazer parte deste momento histórico. Ora alguém que decide pagar uma viagem, que não sai nada barata, para não visitar a cidade e acampar na rua é...

As jornalistas americanas (que eram muitas (CBS,NBC...), mais que os da BBC) tinham dificuldade em encontrar alguém neste grupo (já por si curto) que conseguisse articular as palavras para fazer uma frase com sentido. E, por isso, acabavam por entrevistar as mesmas senhoras como os mesmo cães e filhos, over...and over...and over.

No dia do casamento senti curiosidade em ir tirar fotos ao momento. Mas depressa vi que as multidões eram enormes e seria impossivel chegar fosse onde fosse. As comemorações eram um pouco por toda a parte. Vizinhos organizavam festas de rua para comemorar este momento (ou arranjar mais uma desculpa para beber uns canecos) como se passou aqui em Tooting Bec:



Ao ver o casamento. As multidões que saíram a rua e compraram montes de bujigangas. Os turistas que vieram de longe a pagaram caro para ficar nos hoteis Londrinhos. Os convites de casamento que foram feitos para várias instituições de caridade, e com isso oferecer publicidade de borla e consequentemente aumentar as suas receitas. Começo a sentir-me dividido quando a questão se o casamento real foi um desperdício de fundos públicos.

Certamente foi. Mas nem tudo caíu em saco roto.

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