É uma pergunta mítica de Baptista Bastos repetida inúmeras vezes - Onde estavas tu no 25 de Abril?
Para a minha geração o 11 de Setembro de 2001 ficará marcado na memória da mesma forma que o 25 de Abril de 74 ficou para a geração dos meus pais.
Onde estavas tu no 11 de Setembro?
Tinha um exame nesse dia e estava a almoçar em casa enquanto via o jornal da tarde na rtp. O pivô preparava-se para terminar o jornal quando lhe alertam pelo auricular que algo se passava. Ele noticia que um avião tinha embatido contra uma das torres gémeas em NY e que mais informações iam ser dadas nos próximos espaços noticiosos.
Desligo a televisão e apanho o comboio para a faculdade. Apesar de ter achado aquilo preocupante coloquei-o na parte de traz da minha cabeça e foquei-me no que importava na altura, o exame.
Fiquei umas horas na biblioteca e só depois fui para o departamento. A entrada estava cheia de gente e talvez só por isso parei para olhar o que estavam todos a ver. Vejo no pequeno televisor do segurança a primeira torre a cair. Senti a adrenalina do sentimento de medo e confusão. Seria aquilo mesmo em Nova Iorque? Será que um acidente poderia causar aquilo? Não era suposto uma torre daquelas ser impossível de colapsar?
Encontro-me com um colega meu que me conta que era um ataque terrorista e o que era o World Trade Center porque para mim, na altura, aquilo era um arranha céus como outro qualquer.
Só cheguei a casa perto da meia noite e liguei logo a televisão para ver o jornal da noite. Só aí me apercebi da dimensão (ou não) do que tinha acontecido e parte de mim não acreditava que aquilo tivesse acontecido.
10 anos passaram e ainda estamos a sentir as réplicas desse dia. As televisões de todo o mundo não se cansam de repetir as mesmas informações e as mesmas entrevistas com os sobreviventes.
Tal como há 10 anos, hoje comprei o jornal com o objectivo de o guardar. E estranhei que a única referência (para alem de uma crónica) foi uma página. Nenhuma referência sequer na manchete. Estou a imaginar os jornais portugueses com as suas versões alargadas com várias entrevistas e outras histórias para encher chouriços.
Em Londres houve uma cerimónia em frente à embaixada americana (e outra na catedral de St Paul's) com os familiares de vítimas britânicas e com a presença do príncipe Carlos. Um jornalista da BBC estava em directo a entrevistar um deles. E a certa altura pergunta sobre a importância especial desta data por ser o 10º aniversario. Ao que o familiar responde: "Não há nada de especial com este dia por fazer 10 anos. Não é mais especial do que o dia de ontem. Sinto a falta do meu pai todos os dias e hoje não é diferente".
Enquanto escrevia este post vi o comentário de um americano que construía a calçada em torno do Ground Zero: "Vou-lhe contar uma boa história, quer ouvir? É a história de um rapaz que estava aqui há 10 anos e que viu as torres caírem. Isso fez com que ele se alistasse para o Iraque e com que fosse para a guerra. Esse rapaz voltou e esta agora aqui como soldador. Voltou todo lixado das ideias e está ali em baixo a soldar. Fizemos a guerra e já o apanhá-mos! E eu pergunto agora: Já podemos parar?"
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