Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better. Samuel Beckett

domingo, 18 de maio de 2008

How about Buenos Aires? (News Flash part 2)

Dois dias depois tive novo contacto com a outra empresa portuguesa com quem também tinha iniciado processo em Janeiro. Tal como a outra empresa uns parágrafos acima, nova entrevista desta vez já no cliente. Não me disseram qual seria o cliente. Apenas uma morada e o número de telefone do meu contacto. A entrevista durou apenas 15 minutos e no final ficou em aberto com o meu contacto uma outra entrevista num outro cliente para breve. O que aconteceu na semana seguinte, e tudo mudou. O cliente aceitou-me e por arrasto a empresa a que me candidatei 3 meses antes. O assinar de contracto ficou agendado para a 6ªFeira seguinte, dias depois.

Era uma 6ªFeira solarenta e eu de férias. Fui assinar contrato logo após o almoço e curiosamente á mesma hora que entrei no escritório, recebi um mail de Londres. Tratava-se do mesmo senhor que mais de um mês antes me contactou telefonicamente dizendo-se agente de recrutamente IT. Na altura pediu para tornar o meu CV mais pro-UK fez-me um questionário bastante simples telefonicamente. Enviei-lhe o CV e não tive mais resposta. Agora queria saber qual a minha situação porque tinha várias propostas em mão na minha área.

Terminada a reunião pisguei-me para o carro e segui rumo á faculdade para tratar de papeladas do diploma e rever antigos colegas. Durante essa viagem recebi uma chamada com indicativo +44 que só vi quando parei. Tentei telefonar de volta mas fui parar a um voice mail. Deixei mensagem, frustrado.

Nesse final de tarde consultei o mail e verifiquei que tinha dois novos mails. Um que foi referido acima, e outro de alguem que me tentou telefonar durante a tarde e que estava relacionado com o processo de Buenos Aires.

Respondi ao mail e combinei uma hora para falarmos sobre o processo. Fiquei ainda mais frustrado quando passei 20min a passear pela Av da Liberdade na espectativa do telefonema e sem acontecer nada. Fiquei a marterizar-me por num dia em que tudo parecia ter corrido bem (assinatura de contracto que respeitava todas as minhas espectativas)consegui não reparar numa chamada tão importante. Temi que tivesse perdido a minha hipótese na recruta por ter perdido a chamada.

Nos dias seguintes apresentei, muito nervoso, a minha carta de demissão. Que foi aceite com normalidade pelo meu superior, mas com surpresa. O mesmo não posso dizer pelos meus colegas e, sobretudo, pelo administrador. De tal modo que no fim de tarde/noite que fui entregar a carta ao escritório dei de caras com um colega de sales que passou as 4h30m seguintes a "negociar" comigo. Apresentando-se ora como amigo, ora como desconhecido, ora como "nem gente", ora como alguém a ganhar muito com isto tudo. E com túlipas e petiscos á mistura. Num período em que é difícil encontrar emprego e fácil despedir, nunca pensei que fosse preciso tanta politiquice para alguém se demitir.

No início desta semana recebo novo telefonema com indicativo +44. Corro fora da sala em que me encontrava e atendo a chamada no meio da rua. Do outro lado um senhor responsável pelo processo de Buenos Aires. Explicou-me do que se tratava, que não fugia daquilo que me tinha sido dito antes por mail, mas desta vez referiu o vencimento. Trata-se de pouco menos que o novo contracto que acabei de assinar. Como ele próprio me disse, isto não se trata de algo para me tornar rico.

Consultei o site da empresa que confirmou de certa forma o que me foi dito. Que trata-se de uma empresa multicultural sedeada em Buenos Aires que produz soluções directamente para uma grande empresa de SW internacional. When I say big...I mean BIG! Fiquei a pensar se seria uma aposta errada, visto o projecto a que me destino (em Portugal) ser algo certo, seguro e muito interessante em termos de carreira. E também porque não posso confiar num projecto que alguém overseas me oferece fazendo querer que é uma oportunidade única para estar na primeira linha. É apenas o trabalho dele.

Consultando na Web recordei a crise económica que a Argentina passou em 2001, que tinha lido em jornais e visto em notíciários e que confundira com Venezuela várias vezes. A moeda, o peso AR$, desvalorizou 70% face ao dólar nesse ano. Ou seja, é uma moeda que vale pouco mais que 20 euro centimos! E, agora que aproveitei para consultar, tem vindo em queda desde á pelo menos 5 anos.
Não se trata mesmo de ficar mais rico, até pelo contrário. Mas depois de ter consultado o ordenado mínimo de um Argentino (539pesos ou 110€) e de um trabalhador da minha área (800pesos ou 163€) e de constatar que o vencimento que me estão a propor é várias vezes superior, não me parece uma oferta assim tão má.

Depois encontrei também uma conceito que todos ouvimos falar para casos como a Índia mas que não me tinha apercebido da real escala. Trata-se do Offshore Outsourcing. Onde temos como países envolvidos nações como o Brasil, Israel ou mesmo a Polónia. No meu caso julgo que é mais parecido com um caso de Offshore software R&D.

Temos os mesmos produtos ou serviços com a mesma ou melhor qualidade efectuados em países com moeda fraca e grandes dificuldades económicas. Trata-se, portanto, de um excelente negócio para as empresas envolvidas. Mas não tanto para os trabalhadores.
Caso estejam a oferecer o mesmo vencimento aos outros elemento que irão formar a equipe (Ingleses ou mesmo Chineses) então isto tudo torna-se anedótico.

Por isso, encontro-me num processo de despedimento confuso seguindo para outro projecto e tendo no meio um processo de recrutamente confuso. Nada está ou pode estar decidido. Até por ainda tenho de ter uma entrevista telefónica com o cliente Argentino, seguido de um teste prático. Mas desta vez tudo pode ser feito sem sair de casa. Do mal o menos...


PS - Uma nota muito especial para o blogger, que conseguiu falhar o post e perder os meus últimos parágrafos. Parece que o autosave serve apenas para eu julgar que não tenho de fazer backup num notepad á parte.

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