Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better. Samuel Beckett

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ken Robinson - schools kill creativity

É provável que, com toda a febre do TED, já tenham visto esta apresentação do Britânico Ken Robinson (julgo ser a mais vista de todas).
Apesar de concordar com quase tudo o que ele diz queria discordar da parte em que ele diz que todos os sistemas educativos colocam as artes no fundo das prioridades. E ainda mais. Que criatividade tem necessariamente a ver com as "artes" tal com o mundo as vê.

Acho que o mundo de hoje vê as artes acima de qualquer outro campo (precisava de uma palavra melhor). Um actor ou um cantor é visto acima de qualquer cientista. Hoje em muitas faculdades de Londres e Cambridge (por exemplo) vários bolseiro estudam novas formas de diagnosticar cancro mais cedo. Ninguém acampa à entrada do laboratório para chorar baba e ranho enquanto pede um autografo. Mas se fosse a Rihanna...

Durante este ano comemora-se o centenário do nascimento de Alan Turing. Ele é um dos responsáveis por muitos dos conceitos de Algoritmos e Inteligência Artificial. E, provavelmente, mais importante que isso. É o criador da Bombe. A máquina que descodificava as mensagens Alemãs em plena Segunda Grande Guerra (codificadas pelos alemães com ajuda da Enigma). Poupando as vidas de milhares de soldados aliados e, muito provavelmente, acelerando o fim da Guerra. E isto, para mim, é arte. É pegar em algo que alguém nunca tinha pensado, usar a imaginação, e criar algo de novo... e útil.

4 comentários :

Ana disse...

Não conhecia e gostei muito do video mas depois de ler o teu post não posso deixar de comentar a tua opinião sobre as artes. Uma coisa é não sermos educados no mundo das artes e isso é verdades, talvez mais em Portugal do que em Inglaterra e posso-te dar um exemplo como as artes são colocadas no fundo. Eu tenho uma amiga que é professora de música e ela uma vez disse-me que um aluno dela, que tinha sido considerado um aluno com problema de aprendizagem, era o melhor aluno dela em música. Este video fez-me pensar que nem todas as pessoas têm de ser boas a matemática, línguas, história, etc e talvez são péssimos a tudo mas podem ser muito boas a tocar um instrumento, a dançar, a pintar e nunca tiveram a oportunidade. Muitas crianças crescem a pensarem que não são boas a nada e na realidade podiam ser em alguma coisa que nem tentaram porque não tiveram oportunidade.
Outra coisa é gostarmos mais dos cantores e actores do que os cientistas porque o que é conhecido é mais famoso mas não é por ouvirmos música ou ver filmes que vamos ser mais criativos. As pessoas em geral gostam mais das artes do que outras áreas mas na nossa educação não aprendemos a fazer arte o que é bem diferente.
Eu sou músico e também pinto e digo-te que ouvir música e tocá-la ou ver um quadro e pintá-lo não tem nada a ver.
Talvez não concordes mas só queria partilhar :)
Já agora gosto dos teus posts, pões coisas muito interessantes.

London Calling disse...

Olá ana, obrigado pelo teu comentário (estava muito bem construído). Concordo com praticamente tudo. "Muitas crianças crescem a pensarem que não são boas a nada". Hoje diriam que praticamente ninguém cresce assim. Somos todos mimados a pensar que podemos ser um ídolo (veja-se a quantidade de malta que vai a esses programas e que não se enxerga nem sabe ouvir uma crítica).

Chega-se com uma enorme facilidade a um canudo e depois não sabem fazer nada e exclamam "nasci no país errado!". Quando devido a sua formação superior deveriam de saber criar algo de fantástico (comparado com os senhores com a quarta classe que lhes pagam os subsídios de desemprego).

Lembro-me de uma amiga minha que após terminar o seu curso (Psicologia, sem conseguir colocação) começou a estudar encenação (devido a sua paixão pelo teatro). [Ficou impressionada com a enorme ignorância e real estupidez de quem lá estudava (até mesmo alguns professores). Por não saberem falar Português correcto (importantíssimo para artes de palco) e a tremenda falta de conhecimento do que se passava no mundo à sua volta]. Numa conversa de café encontrou-se com um amigo que agora estudava arquitectura. E depois de o saber exclamou "pois é! também és artista". E continuou a contar-me esta historia usando esta expressão sobre os personagens da sua história "ele também é artista". O que quero mostrar com isto é que para se ser artista hoje basta ter uma guitarra ou entrar num curso de artes...não é preciso criar nada! Enquanto que, para se ser engenheiro tem que se terminar um curso...e fazer qualquer coisa com ele.
Um puto faz um mortal na rua e é bailarino e, claro, artista. Mas não acrescenta nada no nosso mundo.

É verdade que o ensino (basico-secundário) não trata as artes com o respeito que mereciam. Mas também por culpa dos professores. Eu era uma nódoa a EVT e ninguém parou para me ensinar. Basicamente ficavam sentados a ler revistas enquanto a malta estava entretida.

Música, literatura e artes de palco inspiram-me. E a muitos cientistas e criadores. Pena ter uma memória de peixe porque sei de inúmeros casos onde certa música ou quadro inspirou uma teoria. Muitos dos génios do laboratório têm como hobby um instrumento musical.

Fico envergonhado quando (apesar de ter tido aulas de órgão) só sei arranhar uma guitarra...nem isso. Enquanto a maioria dos meus colegas bifes (senão todos) tocam um instrumento musical bastante bem. Tão bem para pertencerem a uma banda e terem concertos em pubs.
E dito isto é fácil ficar a pensar que tem a ver com a formação escolar ou investimento público. Eu não acho. Todos eles aprenderam no seu tempo livre. Na maioria dos casos sem outro professor (a não ser Pink Floyd ou Jimi Hendrix). Fecham-se em garagens ou quartos de amigos e criam os Blur, Oasis, Muse, Radiohead que conhecemos (os dois primeiros, que formação musical tiveram? Pastilhas e pints).
E Londres é contagiante. Facilmente vemos um miúdo a tocar um original (melhor que qualquer merda que vejo na tv tuga) e os londrinos a passar indiferentes, ocasionalmente deixando uma moeda. Sei que isto, por exemplo, na rua Augusta em Lisboa, dá multa mas a verdade é que temos imensos "artistas" formados todos os anos que querem ir directamente para o CCB sem ter talento, culpando a falta de subsídios.

London Calling disse...

Um post que tenho adiado é o de um baterista brasileiro. Que desmonta a sua bicicleta e coloca pratos onde antes eram as mudanças, os pedais. E tem um sentido de ritmo fenomenal. Mas para alem da originalidade como toca, é a velocidade incrível que deixa todos boquiabertos. Seja na busy Oxford Street, Covent garden. Ou na solitária ponte Waterloo. Vi-o inúmeras vezes sempre com o mesmo entusiasmo. Mais do que dinheiro ou fama ele quer reconhecimento. Outro exemplo é o de outro baterias que vi em Piccadilly circus e oxford st. que usam baldes e tampas dos mesmos parar fazer percussão. (fez-me sentir culpado por eu ter pensado que só não aprendo porque não quero investir numa bateria). Uma das vezes que o vi, ele estava a ser ignorado pelas pessoas que passavam. Até passar uma família que passeava o seu filho tetraplégico numa cadeira eléctrica. Ao verem o interesse dele aproximaram-se. O percursionista pegou na mão dele colocou-lhe a baguete entre os dedos e começou a bater no balde. A criança abria os olhos e sorria naquilo que entendi ser "eu estou a fazer música!". Naquele momento o baterista estava a fazer mais a diferença que qualquer um de nós naquela rua. Com zero investimento público.
Esta subsidiodependencia das artes em portugal irrita-me. Se algo não vai ter sucesso suficiente para pagar o investimento porque raio tem de ser o contribuinte a pagar para o artista fazer "aquilo que lhe apetece"? Lá porque existirem alguns no cinema em Portugal que ganham prémios lá fora não quer dizer que sejam todos. O cinema Português é, na sua grande maioria, um bocejo. E se ninguém quer pagar para o ver não deve de ser o contribuinte a pagar, mas sim o realizador/produtor.
Muitos podem dizer "pois. O UK têm muitos bons actores, escritores, músicos. Mas são 60milhões. Nós somos apenas 10!". Se formos ver mesmo em proporção estamos muito atrás. Pela mesma razão que gostamos de vender Portugal. O Sol. Temos mais de meio ano de sol e bom tempo e o que é que fazemos? Nada. Ficamos na esplanada ou na praia. Aqui se está a chover tens de criar algo para te entreter. É um raciocínio muito simplista mas acho que explica um pouco porque países frios são mais produtivos que quentes.


E pronto...perdi-me um pouco no comentário mas aqui fica.

Ana disse...

Concordo com o que escreveste mas não acontece só nas artes, há maus profissionais em todo o lado. Ser músico é preciso estudar muito para se conseguir alguma coisa mas ser-se cantor ou actor não é. Quantos apareceram nos Morangos com Açucar que não sabiam representar. Eu estudei no conservatório e digo-te que é duro.
Mas acho que é um tema que dá para muita conversa mas acho importante todas as crianças terem a oportunidade de experimentar um pouco de tudo. Eu experimentei porque os meus pais pagaram e só não segui artes porque não havia saídas profissionais e agora sou engenheira. Às vezes é o medo de arriscar. Mas digo-te que mesmo não tendo seguido as artes, os meus anos de estudo de música ajudam-me como engenheira e até para arranjar emprego, dizem que tinha era mais lógica. Desenvolvemos outras áreas do cérebro.

Popular posts

Followers :

Tags

Closed Stations

Tag Cloud

Music Portugal Gigs Tube City Life Cultures Banksy Street Art TV Elections Festival Holborn Sainsburys Workplace flat hunting Brexit Football Lisboa bicycle Eleições GDIF Snow Sport arquitectura BBC Britain Canary Wharf Charities Comedy Deolinda Emigration Greenwich Humour Photography commute wage Ahhhh Saudadeeeee Arte Beer Benfica Camden Town Chelsea Chinatown ClaphamJunction Emigrante English English People Euro Flu Graffiti Halloween Islington Movies NHS Old Street Olympic Games Oxford Street Rough Trade Royal Family Seinfeld Tax Tooting Trafalgar Square Urban Voo Weather theater Accent Anniversary Argentina Art Bank Bank Holiday Boat Race Brasil British Museum Buenos Aires Cambridge Christmas Lights Christmas Tree City Docs Drinks EasyJet Economics Entrevista Euro 2012 Europe Holiday Ice Impostos Iran Ireland Jornalismo Language Livros London Marathon Lost in translation MEC Marathon Meditation Metronomy National Insurance Number National Portrait Gallery Nevão New Oxford Street Notting Hill Oxford Circus Piccadilly Circus Pub Referendum Riot Roller skate Royal Weeding Santa Scotish Scotland Sintra South Bank TimeLapse Union Chapel Vencimento Volcano World Cup coffee cycle economy lux nurse AI Alain de Botton America Anarchy Ano Novo Chinês António Damásio Apple Arcade Fire Argos August Balham Barbecue Beach Beckett Bed and Breakfast Benefits Big Ben Big Train Blasted Mechanism Blitz Blur Boeing 747 Bomba Boobs Booze Boris Johnson Brighton Bristol Britcom Brixton Bus Business CCTV CSS CV Cannon St Caribou Cell Cerebro Champions League Charles Dickens Cheias Chevrolet Cicio Cities City Airport Cloud Clubs Colégio Militar Comic Relief Consulado Covent Garden Cowards Cricklewood Croydon David Bowie Deflation Dia de todos os Santos Dublin East London Edward Hopper Eficiencia Einstein Euro 2016 Eyjafjallajokull Facebook Fado Figo Filand Flatiron Flight Friends Gherkin God Goodbye Gray's Inn Guincho Harrods Helpfull History Homeless House MD Hugh Laurie IPad Iceland Income Tax Interpol Iphone Jamie Oliver Jeremy Clarkson Jessie J Jobs Jogging Jonathan Ross José Saramago KOKO Katie B Kings Cross Laughter Lewisham Leyton Lianne Las Havas Litle Britain London 2012 London Bridge London Dungeon London Eye London Film Festival London Sealife Love Lupini MOD MS Madame Tussauds Madeira Maria Rita Marylebone Massive Attack May Mayor Mercearia Michael C Hall Microsoft Momento alto Money Monty Python Moonspell Movember Moçambique Mumbai NIN NYC National Insurance Nero Nuclear O2Arena OK Go Organ Oxford Oyster Pancake Paquistan Paralympic Games Peckham Pink Floyd Pistorius Play-Doh Poetry Pompeia Pontos da Semana Poppy Porto Primitive Reason Putney RATM Randy Pausch Recital Rejection Letter Religion Remembrance Day Renting Return Robert Capa Rota do Chá Royal Guard Run Rush Hour Rússia Save Miguel Saúde Science Shard Sikh Simpsons Sky Slang Sleet Space SpaceInvaders Sport Relief Square Mile St Patrick's Day St Paul's Cathedral Staind Stamford Bridge Storm Stratford Street Poet Strike Subsídios Summer Sun SuperBock Surf Swearing TFL TV Licence TV ads Tank Man Tea Telemovel Tesco Thames The Portuguese Conspiracy The Scoop The Smiths Tiananmen Tories Tower Bridge Tremoço Twitter UK VAT Vertigo Volvo WakeUpLondon Walkabout Waterloo Wembley Wimbledon Winter climbing code dEUS didgeridoo discotexas flat mate geek living cost march moulinex news pastel de nata plugs and sockets protest skyscraper west end